domingo, 30 de setembro de 2012

Para quem fez biópsia embrionária/fetal após o aborto

Queridas, olá!

Este post é dedicado àquelas que fizeram a biópsia do embrião/feto após o aborto e têm dificuldade de entender o resultado. A tabela abaixo revela os percentuais das anormalidades e se você encontrar alguma delas citada no seu laudo, consulte:
http://www.laboratoriogene.com.br/docs/artigoPerdasFetaisInvestigacao.pdf




sábado, 29 de setembro de 2012

Por que os tratamentos de Fertilização in Vitro podem falhar?

Queridas, olá!

Lá vou eu na minha saga de pesquisas rumo ao sucesso... Quero me informar ao máximo para questionar da mesma forma meus médicos da área reprodutiva. Olhem este artigo:

Fonte: http://www.ipgo.com.br/por-que-a-fertilizacao-in-vitro-pode-falhar/


Para muitos casais que passam por tratamentos contra infertilidade, a fertilização in vitro representa a última esperança de conseguir um filho. Muitos já passaram por outras tentativas, sem sucesso, de tratamentos de menor complexidade, como o Coito Programado e a Inseminação Artificial, e, por isso, é muito frustrante para eles, que depositaram todas as suas expectativas neste tratamento, ver que todos os esforços foram em vão. Tempo perdido, disciplina nos horários, injeções, ultrassom, dinheiro gasto, expectativa, ansiedade – a vida parou naquele período – e não deu certo! Uma pergunta comum após o teste negativo é: por que o embrião ou os embriões transferidos para o útero não implantaram? A resposta geralmente não é simples, mas algumas hipóteses devem ser avaliadas, pois podem ajudar a esclarecer problemas menos frequentes que ainda não foram pesquisados, mas ao serem diagnosticados podem ter aumentadas as chances de serem tratados no futuro. As causas do insucesso podem ser problemas com os embriões, com o útero-endométrio, de endometriose e problemas imunológicos.

Embriões

Um problema comum são as eventuais alterações cromossômicas do embrião, que impedem a implantação, principalmente em mulheres com mais de 40 anos, mesmo quando eles têm um aspecto próximo à perfeição no dia da transferência. Isso não significa que esse será um problema repetitivo em todos os tratamentos, mas a possibilidade deve ser considerada para se compreender que pode ter havido uma seleção natural do organismo materno, que impediu a implantação do embrião não saudável. Quando houver essa suspeita, o casal poderá realizar o exame do cariótipo, que identifica anormalidades cromossômicas que estão “dormentes” em cada um deles, isto é, são características recessivas que não aparecem em um indivíduo, mas que ao serem transmitidas ao embrião poderão tornar-se evidentes e causar doenças que impossibilitam o desenvolvimento do bebê. As alterações mais frequentes são as inversões e translocações cromossômicas balanceadas. O cariótipo é um exame de sangue simples e, nesses casos, deve ser feito tanto pela mulher como pelo homem. É importante esclarecer que homens que têm uma baixa contagem de espermatozoides possuem chances maiores de apresentar anormalidades cromossômicas. Uma outra alternativa, nesses casos e em outros, com mulheres com mais idade, que têm maior chance de ter bebês com malfornação cromossômica, é a biópsia embrionária para a realização do exame PGD (Pré-implantation Genetic Diagnosis), traduzindo para o português DPI (Diagnóstico Pré-Implantacional) realizado para diagnosticar anomalias cromossômicas do embrião. Existem dois tipos de PGD:
1- PGD pela técnica de FISH (Fluorescence In Situ Hybrydization), que consiste na retirada de uma célula no terceiro dia de desenvolvimento, quando o embrião, ainda no laboratório, tem ao redor de oito células. Em seguida, esta célula é encaminhada para análise, e o resultado fica disponível antes de os óvulos serem transferidos para o útero. Este exame permite a análise de no máximo 11 cromossomos, que são representados pelos números 13, 14, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22 e pelos sexuais X e Y. Somente os embriões saudáveis são transferidos.
2- PGD por Hibridação Genômica Comparativa pela técnica de microarray e definida pela sigla a-CGH (microarray – Comparative Genomic), que estuda os 24 cromossomos (22 pares de cromossomos autossomos denominados com números de 1 a 22 e mais dois sexuais X e Y). Nesta técnica, mais moderna que a anterior, o embrião deve alcançar o estágio de blastocisto (quinto dia de desenvolvimento). São retiradas de 6 a 10 células e por isso o diagnóstico é mais preciso e seguro quando comparado ao anterior, sendo possível identificar um maior número de anomalias, uma vez que são analisados 24 cromossomos. O a-CGH, também chamado de PGD-24, pode ainda aumentar a chance de sucesso dos tratamentos, pois evita a causa mais frequente de perdas gestacionais que são as aneuploidias embrionárias, além de reduzir o risco de gestação múltipla, pois um número menor de embriões poderá ser transferido. Outra vantagem é que, ao aguardar o desenvolvimento dos embriões até o estágio de blastocisto, pela seleção natural, haverá um menor número de embriões a serem examinados em comparação ao exame PGD-FISH, realizado no terceiro dia, o que pode reduzir o custo. Entretanto, existe o risco de, ao aguardar até o estágio de blastocisto, não ter embriões para serem transferidos.
Isso é frustrante, mas é importante que saibam que tal fato, provavelmente, é apenas uma antecipação de um resultado negativo de gravidez.
Existem outros exames que avaliam a qualidade dos embriões, como análise do meio de cultura em que eles se desenvolvem no laboratório, aparelhos que avaliam o consumo de oxigênio de cada um e a velocidade de divisão celular (Embrioscópio), além de outros que analisam quais embriões têm maior chance de implantação. Entretanto, ainda é necessário que sejam feitos mais estudos para conclusões definitivas a esse respeito.
Outro problema é a espessura aumentada da zona pelúcida, a membrana que envolve o embrião, a qual, nessas condições, atrapalha a implantação. Para diagnosticar essa alteração utiliza-se o “Assisted Hatching”, um procedimento realizado pelo laser, que faz pequenas aberturas nessa camada, ajudando na implantação. Essa técnica pode ser também utilizada em embriões fragmentados, retirando os fragmentos e melhorando seu potencial de implantação.
O fator masculino pode ser também responsável pela má qualidade embrionária. Além da repetição do espermograma, outros exames poderão ser realizados ou refeitos. Recentemente, tem sido indicado o exame de Fragmentação do DNA dos Espermatozoides (SCSA – Sperm Chromatin Structure Assay ou teste de estrutura cromatina espermática), que quando está alterado reduz a capacidade reprodutiva dos homens. Já existem publicações científicas que comprovam a influência dessas alterações nas taxas de sucesso gravidez e como causa abortos. Calcula-se que quando o Índice de Fragmentação for igual ou superior a 30, as taxas de sucesso estarão comprometidas. A causa mais frequente para essa alteração é o estresse oxidativo, causado pelos maus hábitos (cigarro, álcool etc.) e pela obesidade, entre outros fatores. As vitaminas C e E, além da orientação ao paciente de condicionar de forma saudável seu estilo de vida, poderão solucionar o problema. Por isso, não custa nada antes de iniciar qualquer tratamento de infertilidade sugerir uma rotina de vida fundamentada em bons hábitos.
Quando o homem apresenta espermatozoides com alterações importantes da motilidade, morfologia, altas taxas de fragmentação do DNA e presença de vacúolos – o conjunto dessas alterações é denominado pela sigla em inglês MSOME (Motile Sperm Organellar Morphology Examination) –, além de abortos repetidos, pode ser indicado o IMSI (Intracytoplasmic Morfologically Select Sperm Injection), ou “Super ICSI”, ou “ICSI de alta magnificação” ou “ICSI magnificado”, considerado um dos mais recentes avanços nas técnicas de Fertilização Assistida. É uma nova versão do já conhecido ICSI (Injeção Intracitoplasmática do Espermatozoide).
O IMSI utiliza um novo sistema ótico chamado “contraste de fase interferencial”, que apresenta objetivas de maior poder de ampliação eletrônica das imagens, podendo observar os espermatozoides em mais detalhes, detectar seus defeitos e selecionar os melhores, pois são aumentados em até 12 mil vezes. O ICSI convencional aumenta só 400 vezes. Existem perspectivas de que no futuro um microscópio potente poderá separar os espermatozoides saudáveis daqueles comprometidos para que só eles sejam introduzidos no óvulo, mas isso é ainda uma promessa distante da realidade atual.
Os protocolos de indução de ovulação e as drogas utilizadas podem ter influência direta no número e qualidade dos óvulos e embriões, por isso mudanças nesse aspecto, podem ser bem-vindas. Não há um esquema único de remédios que seja ideal para todas as mulheres. Existem muitos medicamentos de ótima qualidade que são ideais para algumas pacientes, mas não para outras. Nem sempre é possível acertar na primeira tentativa. Portanto, após uma análise criteriosa do ciclo anterior, nova possibilidade pode ser recomendada.
Outras técnicas novas têm sido indicadas para melhorar a qualidade dos embriões, como a transferência de citoplasma. Nessa técnica, o citoplasma do óvulo de uma doadora é injetado no óvulo da mulher receptora antes da fertilização. Embora esse procedimento possa melhorar a qualidade embrionária, entra em contradição com princípios éticos por provocar a integração de vários padrões cromossômicos.

Útero-Endométrio

Normalmente a avaliação da cavidade uterina é feita antes dos programas de fertilização in vitro, mas, caso ainda não tenha sido feita, essa investigação poderá ajudar a afastar alterações como pólipos, miomas ou aderências que podem impedir a implantação dos embriões. O melhor exame para essa investigação é a videohisteroscopia (visibilização da cavidade uterina por um endoscópio), que, além de diagnosticar as alterações citadas, pode identificar processos inflamatórios (endometrite) não reconhecidos em outros exames comuns ou a presença de células NK (Natural Killer-CD 56) que em concentrações elevadas podem atrapalhar a implantação dos embriões. A biópsia do endométrio pode concluir essas hipóteses e o tratamento com antibióticos, antiinflamatórios e eventualmente corticóides e imunoglobulina resolverão estes problemas (Rai, Raj S – IVI 2011). Outra questão é a ausência de algumas proteínas no endométrio que facilitam a implantação dos embriões. Já foram detectadas mais de 50, mas as mais estudadas são a Claudina-4 e o LIF (Fator Inibidor da Leucemia ou Fator Essencial para a Implantação). Quando estiverem ausentes ou em proporções desequilibradas, a chance de implantação embrionária será menor, mas não impossível. Esse diagnóstico é raro e só deve ser pesquisado em situações especiais, uma vez que existem controvérsias nas interpretações dos resultados.
As pacientes que tiveram endométrio fino durante a indução da ovulação nas tentativas anteriores poderão ser beneficiadas com o uso do hormônio estradiol, aspirina e outras drogas vasodilatadoras. Outras avaliações do endométrio poderão ser feitas num futuro próximo. A hidrossalpinge, que é consequência de um processo inflamatório que dilata as trompas e provoca a formação de conteúdo líquido no seu interior, prejudica o ambiente uterino, dificulta a implantação dos embriões e aumenta a incidência de abortos.
A retirada das trompas afetadas aumenta significativamente as taxas de gravidez, pois o conteúdo que nelas havia e que provavelmente escorria para o interior do útero, impedindo a gravidez, deixa de existir. O diagnóstico de hidrossalpinge pode ser feito pelo ultrassom, por histerossalpingografia e pela videolaparoscopia.
A dificuldade na transferência dos embriões muitas vezes causa traumas no endométrio e atrapalha a implantação do embrião, principalmente quando este ato for acompanhado de dor. A videohisteroscopia com a dilatação do colo ou simplesmente a dilatação do colo uterino isolada beneficia a próxima tentativa que, preferencialmente, deverá ser realizada com sedação. A transferência embrionária sob a visão do ultrassom traz benefícios ainda maiores, pois permite ao médico observar o trajeto do cateter em direção à cavidade uterina, bem como mostrar ao casal a localização exata da colocação dos embriões.

Sistema imunológico

Os problemas imunológicos têm sido responsabilizados por alguns casos de insucesso na fertilização in vitro e por abortos de repetição. Alguns autores acreditam que muitos casos de falha são, na verdade, abortos muito precoces que, após um período curto de implantação embrionária, não chegam a ser detectados nos testes de gravidez, não evoluem e são eliminados. Existem controvérsias a respeito desse tema, mas os resultados positivos após a terapia com vacinas têm nos encorajado a prosseguir com esse tratamento, indicado em situações especiais.
Cross Match: é um exame que não apresenta comprovação nem evidências científicas comprovadas nos resultados obtidos (Medicina Baseada em Evidências). Por isso, a sua indicação deve ser restrita a alguns casos. São poucos os países no mundo que realizam essa pesquisa com tal finalidade, entretanto, pode ser uma opção. Para que se entenda esse exame é necessária a compreensão de que todo ser humano possui a capacidade de rejeitar corpos estranhos e o embrião pode ser considerado como tal, pois traz com ele o DNA paterno, que é estranho ao organismo materno. Entretanto, em condições normais, o organismo da mãe deve produzir um “anticorpo protetor” – chamado de fração HLA-G –, que protege o embrião contra este “ataque imunológico” e impede a rejeição. Quando esse “anticorpo de proteção” não é formado, os mecanismos de agressão imunológica seguem o seu caminho natural, impedindo a gravidez ou mais tarde provocando o aborto. Essa alteração do organismo – que curiosamente aparece quando há semelhança imunológica entre o pai e a mãe e não quando são muito diferentes – é detectada pelo exame Cross Match. Para se realizar essa pesquisa retiram-se amostras de sangue do homem e da mulher e, em laboratório, realiza-se uma prova cruzada entre os dois, para identificar a presença dos anticorpos. Se não estiverem presentes, será necessário o tratamento com vacinas. Esta imunização é realizada com o sangue paterno, do qual são separadas as células brancas (linfócitos) e com elas preparadas as vacinas, depois injetadas na mãe pela via intradérmica. São realizadas duas ou três aplicações com espaço de tempo de três semanas entre elas. Após o término dessa série, o Cross Match é repetido e, confirmando a virada do resultado anterior para positivo, uma nova tentativa de fertilização poderá ser iniciada. Se não houver essa virada, uma nova série de duas aplicações será realizada.
Trombofilias: Existem outros exames que avaliam fatores imunológicos e, junto com este grupo de exames, estão as trombofilias. São doenças pouco frequentes e que provocam alterações de coagulação do sangue. Essas alterações não são detectadas em exames de sangue comuns e, quando existem, aumentam a chance de formar coágulos sanguíneos e causar tromboses mínimas capazes de impedir a implantação do embrião ou provocar abortos. Os exames para essa pesquisa são feitos por coleta de sangue em laboratórios especializados e sempre com indicação médica.
São eles:
  • Anticorpos antifosfolípides
  • Anticorpo antifosfatidil – serina (IgG, IgM e IgA)
  • Anticorpos antitireoideanos
  • Anticorpos antinucleares
  • IgA
  • Células NK (Natural Killer)
  • Anticorpo antiespermatozoide
  • Fator V de Leiden
  • Antitrombina III
  • MTHFR
  • Protrombina mutação
  • Hemocisteína
  • Proteína S
  • Proteína C
  • Beta 2 glicoproteína I
A presença dessas alterações no sangue das mulheres sugere causas imunológicas ou trombofilias. Os tratamentos variam de ingerir uma simples aspirina infantil até tomar medicamentos mais sofisticados, como a heparina, corticoides e imunoglobulina injetável.
É fundamental salientar que essa tecnologia não representa garantia no sucesso para a obtenção da gestação e sim uma nova alternativa para aqueles que até o momento não tiveram sucesso em tratamentos anteriores.

Endometriose

A associação da endometriose com a fertilidade tem sido alvo de discussão há muitos anos. Os debates em torno das proporções com que esta doença afeta a capacidade de a mulher ter filhos têm causado, por muitas vezes, um vaivém nas condutas e tratamentos médicos. Todos os tipos e graus de endometriose podem influenciar a fertilidade, entretanto, frequentemente o diagnóstico não é tão evidente e fica como última opção na pesquisa, entre outras causas de infertilidade.
Em alguns casos essa demora pode ser causada pela inexistência de sintomas, ausência das queixas clínicas e falta de evidências laboratoriais dos exames de sangue e do ultrassom endovaginal. Muitas vezes somente após passar certo período, no qual foram realizados tratamentos sem sucesso, é indicada a videolaparoscopia, que conclui o diagnóstico. A espera por esse esclarecimento atrasa a concepção e prolonga o sofrimento do casal. A endometriose pode atrapalhar o resultado de gravidez mesmo nos programas de fertilização in vitro, e por isso, após a falha desses tratamentos, tal possibilidade de diagnóstico deve ser avaliada, mesmo na ausência de sintomas. Temos observado uma taxa maior de gravidez em pacientes com sintomologia inexpressiva que realizam a videolaparoscopia quando comparada com aquelas que não fizeram e, por isso, acreditamos muito na importância desse diagnóstico.
A endometriose causa infertilidade pelos seguintes efeitos:
  • influencia os hormônios no processo de ovulação e na implantação do embrião;
  • altera também o hormônio prolactina e as prostaglandinas, que agem negativamente na fertilidade;
  • provoca alterações imunológicas – alterações celulares responsáveis pela imunologia do organismo (células NK, macrófagos, interleucinas etc.);
  • interfere na receptividade endometrial – o endométrio, tecido situado no interior da cavidade uterina, local onde o embrião se implanta, sofre a ação de substâncias produzidas pela endometriose (ILH e LIF – leukemia innibitory factor), que atrapalham a implantação do embrião;
  • pode interferir no desenvolvimento embrionário e aumentar a taxa de abortamento.

Abortamento: quando a causa é genética

Queridas, olá!

Como relatei num dos meus posts, a médica especialista em reprodução humana que consultei suspeitou, através de um dado do do meu US de 8 semanas, que a provável causa do meu aborto foi anomalia genética.
Buscando mais informações à respeito, vi que a anomalia mais comum associada ao aborto espontâneo ou recorrente é a trissomia do cromossomo 16, que corresponde à aproximadamente 50% dos casos onde a causa é genética. E também que a origem é geralmente materna... Huuum, magoei!rs
Encontrei um artigo muito interessante, mas é preciso ler com calma porque os termos são, em sua maior parte, técnicos. Mas dá pra compreender bem.
Eu sou assim, sempre que me deparo com um problema na vida e vislumbro a chance dele não vir a acontecer mais, luto até o fim para que assim seja. Não considero perda de tempo... Seria sim, se eu cruzasse os braços e mergulhasse de cabeça numa nova chance de fracasso. Cansei de ler casos de gente que ouve "tenta de novo, é comum perder na primeira vez!"... Ou "conheci muitas que perderam e depois tiveram muitos filhos saudáveis!"... Ou "eu perdi 4 vezes e na 5ª consegui!"... Na boa, eu não concebo isso. Por que se arriscar a sofrer diversas vezes se vc pode evitar? Por que não aumentar suas chances de sucesso? O mínimo que vc pode conseguir é uma consciência tranquila, pois vc fez tudo ao seu alcance para que não houvesse novo fracasso. Seu emocional agradecerá. Seu físico também. Não vou entrar aqui no mérito religioso, pois já li muitos relatos de sucessivos abortos em que a mulher sempre fala "deus sabe o q faz"...Ou "deus vai me abençoar na próxima vez"... Não tenho religião ou mesmo acredito em deus, porém pergunto: custa dar uma forcinha a deus? Não seria incoerente aos olhos dele ter tantos médicos e pesquisadores e vc ignorá-los? Pelo pouco que entendo desse assunto, deus é inteligência e amor... Então.. Vc+médicos+pesquisadores=grandes chances de sucesso. Seu sucesso=muito amor na chegada do seu tão sonhado baby. Tudo a ver, né? :)

Chega de conversa... haha... Vamos ao objetivo deste post:



Alexandre Otavio Chieppe

1. Introdução
Os fatores genéticos constituem a causa mais comum de abortamento habitual. Em 1961 foi descrito o primeiro caso de abortamento em decorrência de anormalidade cromossomial e, desde então, vários trabalhos têm relacionado o abortamento espontâneo com fatores genéticos.
O abortamento recorrente de origem genética resulta basicamente de duas situações diferentes.
A primeira é a presença de uma alteração cromossômica estrutural (como uma translocação ou inversão) em um dos pais, levando geralmente a casos de aneuploidia recorrente no embrião. Em cerca de 2 a 14% dos casais com aborto habitual, o homem e/ou a mulher carreiam uma anormalidade citogenética.
A segunda é a repetição de anormalidades numéricas no embrião abortado. É uma importante causa de aborto espontâneo, porém, é um evento esporádico que pode não se repetir em gestações subseqüentes. É causado por alterações durante o processo de gametogênese e/ou fertilização. Neste caso, o casal não apresenta qualquer anormalidade no cariótipo.

2. Alterações cromossômicas estruturais no casal
2.1. Translocações balanceadas
É a anormalidade cromossômica mais comum nos casais com aborto habitual. Decorre de um crossing-over entre cromossomos não homólogos durante a meiose. Uma translocação balanceada nos pais pode levar à produção de gametas não balanceados, levando invariavelmente ao aborto ou malformação fetal.
A incidência de translocações nos casais varia de 0 a 30%, sendo duas vezes mais freqüentes em mulheres. Essa grande variação deve-se aos diferentes critérios adotados nos estudos.
No caso das translocações Robertsonianas, ocorre um crossing-over na área do centrômero entre dois cromossomas acrocêntricos (grupos D ou G).
Uma vez detectada uma translocação balanceada, o casal deve receber aconselhamento genético. O risco de abortos subseqüentes, que pode variar de 10 a 100% dependendo do tipo de translocação, e de malformação fetal associada devem ser informados.
Nas translocações Robertsonianas, as informações e os dados são mais homogêneos e a informação mais consistente. O risco de aborto nesse caso é de cerca de 10 a 20%. Obviamente, o tratamento depende do tipo de translocação identificada.
2.2. Inversões
As inversões constituem outra anomalia cromossomial estrutural que pode levar ao aborto habitual. Ocorre quando dois pontos de clivagem do mesmo coromossomo dão origem a um segmento livre, que é reinserido de forma invertida. Pessoas heterozigotas são fenotipicamente normais, visto que não há perda ou adição de material genético.
Se os pontos de clivagem são do mesmo lado do centrômero, a inversão é chamada de paracêntrica, e se são de lados opostos, englobando o centrômero, é chamada de periêntrica. Independente do tipo, as inversões podem ser de difícil diagnóstico, o que pode contribuir para sua relativa baixa incidência em casais com aborto habitual.
As anormalidades cromossômicas no concepto decorrem da formação de cromossomos anormais durante o processo de crossing-over da meiose. Nesse momento, o cromossomo forma uma "alça" no segmento invertido para que possa parear com o cromossomo homólogo.
No caso da inversão pericêntrica, ocorre deficiência ou duplicação cromossômica, resultando em abortos ou neo/natimortos. Já o crossing-over na inversão paracêntrica resulta em segregação acêntrica ou dicêntrica, o que leva invariavelmente ao abortamento. Quanto menor o segmento de inversão, maior a alça formada durante o pareamento e maior a chance de anormalidades no concepto.
A inversão mais comum é a inversão pericêntrica do cromossomo 9. Há controvérsias sobre a importância dessa inversão e alguns autores a consideram uma variante normal, o que torna o aconselhamento genético mais difícil. Na inversão paracêntrica, um dos cromossomos anormais é dicêntrico e o outro acêntrico - ambos são incompatíveis com a vida.
2.3. Mosaicismo

Nas mulheres, o mosaicismo do cromossomo X ([45,X/46,XX] [45,X/46,XX/47,XXX]) tem sido associado à história de abortos recorrentes. O diagnóstico, através do cariótipo do casal, nem sempre é simples de ser realizado.
2.4. Heterocromatina

Variações na quantidade de heterocromatina também têm sido relacionadas como uma possível causa genética de abortos espontâneos. Ainda são necessários mais estudos para a confirmação dessa teoria.

3. Anormalidades numéricas no concepto
Junto ao estudo do cariótipo do casal, a outra abordagem na avaliação das causas genéticas de aborto habitual é o exame do cariótipo do concepto abortado. É importante ressaltar que os dados disponíveis na literatura médica referem-se freqüentemente a casos de abortos espontâneos isolados e não a casos de abortamento habitual.
O mecanismo pelo qual as anormalidades cromossômicas do concepto levam ao abortamento ainda não está completamente esclarecido.
3.1. Trissomia
A trissomia autossômica é o achado mais freqüente nos abortos de primeiro trimestre (precoces) clinicamente reconhecidos e corresponde a cerca de 50% de todas as anormalidades cromossomiais encontradas nos conceptos abortados. Resulta de uma não-disjunção meiótica durante a gametogênese em casais com cariótipo normal.
Todas as trissomias cromossômicas já foram identificadas em abortos espontâneos, exceto a trissomia 1, pois provavelmente leva a perdas no período pré-implantação. A trissomia 16 é a mais comum.
Nos abortos trissômicos, o cromossomo adicional é, na maioria das vezes, de origem materna.
3.2. Triploidia

A triploidia é relativamente comum nos fetos humanos, correspondendo a até 15% dos casos de abortos espontâneos esporádicos. As triploidias mais comuns são 69,XXY e 69,XXX. São causadas pela retenção de um segundo corpo polar durante a ovogênese, pela fertilização dispérmica ou pela fertilização de um oócito normal por um espermatozóide diplóide. A retenção do primeiro corpo polar é um evento menos freqüente.
Na triploidia, o concepto geralmente desenvolve-se até cerca de 5 semanas. Uma grande variedade de alterações morfológicas pode estar presente. A associação com defeitos do tubo neural não é incomum.
3.3. Monossomia X
É responsável por 20 a 25% dos casos de anormalidades cromossômicas no concepto abortado. Pode estar associada à higroma cístico e edema generalizado. A duração média da gestação é de cerca de 6 semanas.
3.4. Tetraploidia
É relativamente rara e incompatível com a vida. O concepto pode ser 92,XXXX ou 92,XXYY.

4. Investigação laboratorial
4.1. Avaliação citogenética do casal
A cariotipagem não aumenta obviamente a chance de uma gestação normal, mas pode fornecer informações valiosas sobre qualquer anomalia cromossômica no casal que possa ser a causa dos abortos espontâneos recorrentes, fornecendo subsídios para o aconselhamento genético. A presença de uma alteração citogenética pode ser o ponto inicial para o estudo e aconselhamento dos familiares em idade reprodutiva do casal.
4.2. Avaliação citogenética do concepto abortado
Se o cariótipo do casal é normal, um estudo citogenético do concepto abortado deve ser realizado nos casos de abortamento habitual. Estudos desse tipo não são simples de serem realizados e são relativamente caros.

5. Manejo do casal com abortos recorrentes de causa genética
Nos casos em que ocorre um aborto esporádico, o casal deve ser informado que cerca de 15% das gestações diagnosticadas evoluem para o aborto espontâneo e que destes, 50% são devidos a anormalidades cromossômicas relacionadas a erros esporádicos da gametogênese ou fertilização.
Já os casais com diagnóstico de abortamento habitual de origem genética devem receber um aconselhamento genético formal após identificada, se possível, a alteração envolvida. Após a avaliação do risco de recorrência de acordo com a alteração genética, todas as alternativas devem ser oferecidas ao casal:
• doação de óvulos;
• doação de espermatozóides;
• adoção;
• tentativa de nova gestação, principalmente quando o risco de recorrência e de malformação fetal é baixo.
É importante ressaltar que algumas anomalias genéticas que cursam com abortos espontâneos recorrentes podem também, eventualmente, aumentar a chance de malformações fetais.

Bibliografia

1) Wilcox AJ, Weiberg CR, O'Connor JF, Baird DD, Schlatterer JP, Canfield RE, Armstrong EG, Nisula BC - Incidence of early loss pregnancy, New England J Med 319: 189, 1988.
2) Tho PT, Byrd Jr, Mc Donough PG - Etiologies and subsequent reproductive performance of 100 couples with recurrent abortion, Fertil Steril 32, 389, 1979.
3) Wramsby H, Fredga K, Liedholm P - Chromossome analysis of human oocytes recovered from preovulatory follicles in stimulated cycles, New Engl J Med 316:121m 1987.
4) Carr DH - Chromossome studies in selected spontaneous abortions and early pregnancy loss, Obst Gynecol 37:570, 1971.
5) Mc Donough PG - Repeated first trimester pregnancy loss: Evaluation ans management, Obst Gynecol 1:153, 1985.
6) Endocrinologia Ginecológica Clínica e Infertilidade - 5a Edição - Speroff/Glass/Kase - Ed. Manole.
7) Practical Genetic Counselling - 5a Edição - Peter S harper - Ed. Butterworth Heinemann.
8) Pathology of Infertility - Clinical Correlations in the Male and Female - Gondons/Riddick - Ed. Thieme.
9) Infertility and Reproductive Medicine (Reproductive Genetics) - Clinics of North America - January 1994.
10) Infertility and Reproductive Medicine (Recurrent Miscarriage) - Clinics of North America - October 1996.

Editor de Ginecologia e Obstetrícia do MedCenter, Médico Residente do Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ, Médico do Hospital PROSAÚDE

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Refletindo $$$ sobre a FIV

Queridas, olá!

Agora estou na fase de pesquisar os casos de sucesso de FIVs... E claro, estou 'dando de cara' com um monte de mulheres que tentaram em diversas clínicas no RJ (e no Brasil) 2, 3,4,5, 6 e até mais vezes!!!! Gente, confesso que me assustei. Não com a persistência, isso eu também tenho e de sobra. Mas a pergunta que não quer calar é: onde elas arrumaram tanta grana pra isso???
Passei pela triagem, sei que os preços são beeem salgados! Muitas dessas que citei não comentam como fizeram, mas sinceramente, deveriam. Deve haver alguma condição como, por exemplo, o aproveitamento da medicação anterior, achar parceiras para dividir, sei lá... Mas gostaria muito de saber!
Claro que já ouvi falar de casos de gente que vende carro e até apartamento. Vou ser bem sincera com vcs: eu não faria isso não... Talvez se fosse um carro 'stand by', sabe aquele veículo que vc tem que pedir ao porteiro para ligar de vez em quando para ele não enguiçar de tanto tempo que está encostado? Do contrário, não concebo a idéia de estreitar minha vida financeira para ter um bebê... Vou explicar: acho que tenho um pouquinho mais de privilégio do que um futuro filho(a), né? Estou nesta vida há mais tempo, batalhei pra ca%ˆ&* pra chegar onde cheguei e agora que estou numa situação legal e confortável, vou perder tudo por conta de e-g-o? Sim, ego! Porque eu acho que tem limites o fato de se desejar um filho. Por que esse filho(a) tem que ter de qualquer e absoluta maneira meu DNA? Por que tem que parecer comigo? Ou com meu marido? Ou quem sabe ter meu "gênio"? Ah, por favor rsrsrs!
É claro que se eu posso tentar ter um filho com o meu marido, ótimo, é perfeitamente NATURAL! Vamos lá! Já separei a grana, já estou me preparando cronologicamente para os exames e tudo mais. Mas se der errado, vou tentar apenas onde meu limite financeiro vai: duas vezes. É o que posso dispor sem me encrencar. Meu marido ainda está em fase de estudos para magistratura e a casa está na minha conta rsrs. E se não rolar nessas duas vezes, vamos partir para adoção. O mais importante é o amor que nós temos pra dar, independente se nossos filhos terão nossos genes ou não.
Toda vez que tiver oportunidade, vou repetir: a vida é muito sucinta para vivermos de inverno. A gente tem que pensar em viver o futuro da melhor maneira possível, mesmo que carreguemos na bagagem milhões de frustrações. Elas devem ficar embaladinhas à vácuo rsrsrs!!!! Bem espremidinhas, não ocupando muito espaço, apenas o necessário para lembrarmos o valor da luta. Esta sim, deve ter uma enorme ocupação em nossos corações...São a origem de nossa resistência.
Ahhh, falei demais, chega! rsrs
Amores, agora vai um textinho bonitinho do antigo casal 20 da TV brasileira, comentando sobre a FIV que fizeram. Vale ler, é muito sincero. Beijo e até a próxima!

Fátima, Willian e os trigêmeos 

A decisão de engravidar 

Quando voltei da Copa da França em 1994, eu e o Willian começamos a pensar pela primeira vez em ter um filho e paramos de evitar a gravidez. Mas, como a coisa não aconteceu, resolvemos comprar um apartamento, arrumá-lo e esquecemos a história de filhos. Antes de eu ir para as Olimpíadas em 1996, nós conversamos seriamente e decidimos que, quando eu voltasse, iríamos tentar novamente um filho. Naquela época, estávamos casados há seis anos e achávamos que já era tempo de ter um filho. Eu estava muito certa que queria ser mãe e o Willian de ser pai. É muito importante o casal estar convicto disso porque, do contrário, acaba sendo uma roubada. 

Quando eu voltei das Olimpíadas, resolvemos fazer uns exames porque, mesmo sem evitar, a gravidez não acontecia. Descobrimos que a minha ovulação estava irregular e que o Willian tinha uma produção insuficiente de espermatozóides. Minha médica sugeriu dois caminhos: eu teria de fazer um tratamento para manter minha ovulação constante e o Willian tinha de fazer uma investigação para saber o motivo dessa baixa produção de espermatozóides. Não sabíamos se era uma questão genética, ou algo momentâneo. Ele fez uma série de exames e um deles mostrou que ele não foi “programado” para ter aquela baixa produção, ou seja, não era um problema genético, e que algum outro fator teria ocasionado o problema. Ele teria que iniciar um tratamento, que duraria uns seis meses, e se não surtisse efeito, teria que partir para um outro tipo de tratamento. Isso já era setembro ou outubro de 1996 e achamos que ia demorar muito tempo. A outra opção seria a fertilização. Eu conversei com a minha médica, Ângela Batista, e ela me indicou o Centro de Reprodução Humana Sinhá Junqueira, em Ribeirão Preto [atualmente Centro de Reprodução Humana dr. Franco Júnior], que, segundo ela, era o pioneiro na América Latina na técnica ICSI. Além disso, ela sabia que jamais esconderíamos o fato do público, mas que não queríamos publicação ou divulgação disso antes, até porque a ansiedade aumentaria muito. 

As tentativas de fertilização 

Eu conversei primeiro com o dr. Franco por telefone, mandei todos os meus exames e do Willian e ele mandou um fax para mim e para a minha médica com um programa de medicamentos que eu tinha de tomar. Eu só o conheci pessoalmente no período da retirada dos óvulos, quando fui a Ribeirão Preto, em dezembro de 1996. 
Quando chegamos lá, ele (dr. Franco) explicou todo o processo e, após a fecundação dos óvulos, decidimos colocar três embriões. Lembro-me que, na hora da transferência dos embriões, ele falou que a parte dele estava feita e, a partir daquele momento, era com Deus. Achei o atendimento muito diferente, muito humano. Você não se sente um produto. E eu sentia que não era só porque somos de televisão. Ele (dr. Franco) tinha um super cuidado, me ligava para que eu fosse nos horários mais tranqüilos na clínica e, durante todo o processo, não soltou uma nota. Tanto que eu fiz essa primeira tentativa e não saiu nada na imprensa. Mas, infelizmente, a primeira tentativa não vingou. 
Eu estava certa que iria conseguir na primeira vez, por mais que o dr. Franco tivesse falado que era difícil. Mas eu estava tão eufórica que não acreditava que não ia dar certo. Isso nem passava pela minha cabeça. Eu lembro que naquela época, estava fazendo dedetização na minha casa e estávamos hospedados em um hotel no Rio, quando fiquei menstruada. A gente estava indo passar o fim-de-semana em uma casa que temos na serra quando 
comecei a sentir umas pontadinhas na barriga e começou um pequeno sangramento. Liguei imediatamente para o médico e ele recomendou repouso porque podia ser um sangramento relacionado com à fixação do embrião no útero, que às vezes pode acontecer. Mas, era menstruação mesmo. Eu não me senti nem um pouco traumatizada porque acho que o atendimento foi tão honesto, tão verdadeiro e tão claro que, por mais que eu achasse que ia dar certo, não consegui ficar arrasada, deprimida porque tinha sido suficientemente alertada para isso. Sabia que uma hora iria conseguir. 
Dois meses depois, voltei a ligar para o dr. Franco. Disse a ele que tanto fisicamente quanto emocionalmente eu me sentia muito bem para fazer uma nova tentativa. Comecei a tomar novamente a medicação. Uma das injeções, uma subcutânea, eu mesma me aplicava na perna. Mas não foi nenhum trauma. Eu estava muito determinada que era aquilo que eu queria e teria de ser daquela maneira. 
Em março de 1997 eu já estava lá de novo. Ele mudou o tratamento e eu consegui produzir mais folículos bons. Acho que produzi uns 11 embriões e decidimos transferir quatro para o útero. Lembro-me que perguntei quais as chances de engravidar que eu teria colocando os quatro. Ele me disse que seria entre 0,5% e 1%. Pensei: não estou aí. As chances de eu engravidar de três bebês ficavam entre 3% e 5%. Também pensei que estava fora. As chances de gêmeos eram de 20% e de ter um bebê, de 30% a 35%, que são as mesmas chances que normalmente a mulher tem de engravidar. O maravilhoso desse tratamento é que ele te coloca em condições de engravidar numa tentativa como se você e o seu marido não tivesse nenhum problema. É muito legal porque a gente sempre fica com a sensação que, uma mulher fértil e um marido fértil, num dia bom, tem 100% de chances de engravidar. E não é nada disso. Tanto que a infertilidade não é tratada antes de dois anos. Depois de ouvir tudo isso falei: doutor, eu trabalho em um veículo de massa, meu negócio é muita gente e eu não vou cair nessa malha fina de 1% ou 3%. Eu vou ter gêmeos ou um só. Pode colocar os quatro. Colocamos e ficamos na espera das duas semanas para fazer o teste de gravidez. 


A notícia da gravidez 

Eu ia fazer o exame numa segunda-feira, mas no dia 29 de março, sábado de Aleluia, acordei meio esquisita. Olhava para o café e tinha náuseas. Era estranho porque, desde os sete anos de idade, não tomo leite. De manhã só consigo beber uma imensa xícara de café preto. No domingo, outro sinal: a calça não fechava. Liguei novamente para o dr. Franco e ele disse que era normal acontecer um inchaço durante a fixação dos embriões, e, como eu estava muito ansiosa, ele falou para eu fazer o teste de gravidez ainda naquele dia. Fiz o exame e fui trabalhar. Naquela época, estava apresentando o Fantástico. Quando eu cheguei, o Willian me ligou avisando que minha médica tinha ligado para falar que o teste havia dado positivo. Foi muito engraçado porque, antes, eu pensava: quando eu estiver grávida, não vou contar para ninguém até os três meses de gravidez. Mas, quando desliguei o telefone, já entrei no camarim, cheio de maquiadores, dizendo que estava grávida. Foi aquela festa. A Sandra Anemberg, que apresentava o Fantástico comigo, fez aquela bagunça. Bom, três semanas depois fui fazer uma ultra-sonografia porque minha médica havia ficado desconfiada da alta taxa de hormônio apontada no Beta HCG. Ela já desconfiava de mais de um. Durante o exame, o médico do ultra-som, que me acompanhava há muito tempo, ficou conversando com a gente e demorou meia-hora para dar a notícia do primeiro bebê. Foi aquela festa. Depois de uns 20 minutos ele perguntou se estávamos preparados para mais emoção. Mais festa, alegria, era ótimo saber que teríamos gêmeos. Dali mais dez minutos de conversa, o médico disse que vinha mais emoção pela frente. Nessa hora o Willian falou: “pode procurar direito que algum lugar deve ter o quarto bebê”. Foi quando, finalmente, o médico disse que eram três bebês. É óbvio que ele sabia desde o início, mas queria ver até que ponto estávamos preparados para a notícia. O chato desse primeiro ultra-som é que um dos embriões era muito menorzinho, com uma chance de fixação pior que a dos outros. O médico até explicou que, em gravidez de trigêmeos, em 50% dos casos, um dos embriões não vinga e acaba sendo absorvido pelo endométrio. Era preciso esperar 15 dias para ver se ficariam mesmo os três. Aí começamos uma torcida porque queríamos os três de qualquer maneira. Quando voltamos para fazer um novo ultra-som, o embriãozinho havia se desenvolvido e lá estavam os nossos trigêmeos. 

A gestação 

As primeiras providência foram bem práticas. Trocamos o fogão de quatro bocas por um de seis, compramos mais uma geladeira, mais uma secadora, baldes, mamadeiras e assim por diante. 
O engraçado é que, desde o início, os bebês não mudaram de posição na barriga e todos já tinham um nome. Com três meses e meio eu já sabia que eram duas meninas e um menino e conseguia identificá-los na barriga. No ultra-som, o médico já escrevia: senhorita Laura, senhorita Beatriz. Foi muito bom acompanhar isso de perto desde cedo, saber quem estava se mexendo e conversar com cada um individualmente. Eu não fui uma grávida chata. Não reclamava de nada. Tudo estava bom para mim. Acho que isso muda, inclusive, sua relação com os filhos depois. 
Bom, com cinco meses e meio de gestação eu parei de trabalhar. Eu estava ótima, mas minha médica achou melhor eu parar porque estava começando a apresentar dilatação. Ela até pediu para o Willian ir junto na consulta quando anunciou que eu tinha de parar de trabalhar, para ver se ele me convencia. Quando eu cheguei para trabalhar na Globo, também me disseram: chega, vai para a casa descansar. Eu queria ainda fazer o último programa, mas não deixaram. Foi muito legal porque não tive a mínima preocupação com o trabalho. 
É muito importante que a mulher grávida saiba a hora de parar de trabalhar. Nessa época, a minha médica pediu para eu ir até a maternidade São José, onde eu viria a ter os bebês, para conhecer o centro de prematuros porque certamente os meus ficariam por algum tempo lá. A gente sempre está acostumada a ver foto de bebê recém-nascido rosadinho e bochechudo. Mas o bebê prematuro é muito diferente disso. Eu não quis entrar no centro, fiquei do lado de fora de roupão, e o médico começou a me explicar a importância de conseguir levar a gestação de múltiplos o mais adiante possível. Ele me mostrou um bebê que tinha um quilo e eu pensava: Meu Deus, pesa o mesmo que um pacote de açúcar, um mínimo, um nada. Depois ele me mostrou outro bebê, com 600 gramas, cheio de equipamentos, cuja mãe havia dado à luz duas semanas antes. Bom, resumindo, eu havia chegado ao hospital de táxi, sozinha, andando, lépida e fagueira. Quando saí, não conseguia nem parar em pé. Tive de sentar na cabine do guarda, enquanto esperava o táxi. Acho que a minha médica fez aquilo de propósito. Saí do hospital certa de que era a hora de parar de trabalhar mesmo. Com seis meses e pouquinho, houve um encurtamento do colo do útero e aí iniciamos um processo para enganar o organismo. Porque para ele, com o peso de três bebês, já estava na época do parto. A partir daí, fiquei mais deitada, tomando injeções de cortisona durante um mês para o amadurecimento dos pulmões dos bebês. 


O nascimento 


Os bebês nasceram com sete meses e três semanas no dia 21 de outubro de 1997. A Beatriz nasceu com 1,365 kg, a Laura com 1,525 kg e o Vinícius, com 1,730 kg. Mesmo com o baixo peso, eles não tiveram problema algum. Só tiveram que ficar internados para ganhar peso. A Laura e o Vinícius ficaram internados na UTI neonatal durante 23 dias e a Beatriz, 25 dias. No segundo dia, eles já saíram do respirador artificial e, a partir daí, foram ganhando peso gradativamente. Não houve susto algum. A previsão inicial era de eles ficarem dois meses na UTI, mas acabaram saindo bem antes disso. Aquele centro foi uma escola para mim. Ali aprendi a dar banho, trocar as fraldas e ensiná-los a mamar. Mas todo esse processo foi muito angustiante. O hospital faz até um trabalho com uma psicóloga, onde semanalmente você ouve histórias e bota algumas coisas para fora. É muito difícil ter alta do hospital e deixar as crianças lá. O parto foi numa terça-feira e tive alta no sábado. Tive de ficar um pouco mais no hospital porque, no dia seguinte ao parto, tive uma anemia forte. Não conseguia nem levantar da cama. Como ia ser difícil fazer o tratamento tradicional, porque eu ia querer ficar o tempo todo com as crianças, resolvemos partir para uma transfusão de sangue. Recebi uma ou duas bolsas de sangue e imediatamente já estava ótima. No dia em que tive alta, fui para casa, almocei e voltei para o hospital. E foi isso direto até o último bebê, Beatriz, ter alta no dia 16 de novembro, dia do aniversário do Willian. 

A chegada dos bebês 

Quando todos os bebês tiveram alta, nosso apartamento parecia uma usina. A máquina funcionava de manhã até a noite. Era uma média de 8 a 9 mamadeiras por criança. Era uma doideira. Eu tinha uma auxiliar de enfermagem, que está comigo até hoje, mas logo depois tive de contratar outra Depois, precisei contratar uma folguista. Para cuidar das crianças, além de mim que fiquei mais quatro meses em casa, tinha duas babás. Também podia contar com a ajuda dos meus pais, que até hoje vão visitar as crianças diariamente. 
Amamentei meus filhos até os três meses e meio. Acho que fui abençoada. Tive uma orientação muito legal sobre amamentação. Não foi uma coisa traumática. Como as crianças eram prematuras, elas tomaram primeiro mamadeira com um leite especial para depois pegar o peito. E depois, mesmo mamando no peito, eles sempre tomavam complemento com a mamadeira. O médico dizia que o importante na amamentação não era apenas o alimento em si, mas reestabelecer esse elo, esse afeto que é só da mãe e do bebê. Eu tinha um caderno, onde fazia um rodízio. A cada mamada, dois iam no peito e um na mamadeira. Na próxima, eu fazia a troca. No meu caso, a amamentação era muito mais importante afetivamente do que nutricionalmente. Quando eles começaram a ficar dois minutos no peito e ir direto para a mamadeira porque estavam mortos de fome, aí a gente parou com peito, mesmo porque eu já ia voltar a trabalhar. 

Volta ao trabalho 

Voltei a trabalhar depois de quatro meses. Foi bom porque no total foram sete meses e meio meses de licença, sem contar os meses das tentativas. Era muito tempo vivendo em função daquele sonho. E, com a concretização dele, era preciso continuar seguindo a vida normalmente. Até para que eles (os trigêmeos) fossem aquela parte boa que faltava e não um peso nas nossas vidas. Não tive nenhum remorso de ter que voltar a trabalhar. 
Desde os 11 meses eles fazem natação. A turma é só eles. São três professoras e três alunos. Quando a gente falta, as professoras ficam de folga. Com 1 ano e 3 meses, eles já foram para a creche. Eu deixo eles às 13h na escolinha e vou trabalhar. Quando eles saem, às 17h15, minha mãe já está lá em casa com as babás. Aí eles tomam banho, jantam e às 19h já estão dormindo. Eles ainda dormem no mesmo quarto, o que facilita as coisas. Eu continuo com as duas babás. Preciso de ajuda porque, quando a gente trabalha fora, tem que associar mil coisas e não dá para pensar em tudo ao mesmo tempo. Mas, o que eu acho mais interessante na gravidez múltipla é você conseguir tirar a culpa de não ser integralmente de um só. Acho que isso é muito mais um sentimento de mãe do que de pai. É um exercício constante tipo: eu não estou dando colo nesse momento para esse porque estou dando para o outro. Então como não me sentir culpada porque tem outros dois que não estão no meu colo. Aos poucos fui encontrando um jeito de me sentir mais satisfeita. Quando crescerem, eles vão perceber que tiveram o privilégio de ter dois irmãos da mesma idade. Irmão é sempre muito legal e irmão da mesma idade deve ser melhor ainda. Eu tenho minha irmã dois anos mais nova e teve um tempo que, mesmo sendo pouco tempo de diferença, era incompatível. É muito mais fácil sair para trabalhar e saber que estão os três brincando. Fico feliz de estar oferecendo isso a eles. Às vezes penso: tem mãe que pode passar os tempo todo com o seu filho, mas não oferece a eles o que eu estou oferecendo. É um jogo, uma brincadeira para que eu não me sinta culpada por estar trabalhando. É um esforço diário, mas acho que estou conseguindo. É uma experiência muito legal. É muito bom ter três formas diferentes de criança, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Mas uma coisa acontece: o que um faz, todos fazem, o que um quer, todos, pelo menos por um segundo, também querem. Até a bronca. A Beatriz, por exemplo, era pequeninha e não conseguia subir na cama. Quando os irmãos subiam e levavam bronca, ela tentava alcançar a cama subindo em um livro. Era engraçadíssímo ver ela parada, em cima de um livro, olhando para você, esperando a bronca. Eles têm momentos diferentes. Tem hora que um está mais carinhoso, o outro mais bravo, mas são super companheiros. Brigam como todos os irmãos, mas são bem unidos, se preocupam um com o outro. Quando um cai um na escola, choram os três. 


Vida a dois 

Eu e o Willian nunca fomos chegados em badalações. A gente sempre preferiu ficar em casa. Com as crianças, a nossa prioridade, sem dúvida, é para elas. Mas a gente tem um esquema. Eu sou muito organizada, às vezes brinco que a nossa casa parece um quartel. Eu poderia deixá-los dormir um pouco às 17h, quando eles chegam da escola, para eu chegar em casa, depois do trabalho, e encontrá-los acordados. Mas eu acho que preciso ficar sozinha com o Willian também. Eu mantenho essa escala deles dormindo às 19h30 porque, para eles, não faz diferença a hora que eu chego em casa. Eu posso chegar às 21h, 22h, 23h que não importa, porque eles já estão dormindo. O meu esquema com eles é das 7h, quando eu acordo, até as 13h, quando os deixo na porta da escola. Das 14h às 21h eu estou na Globo e, quando eu e o Willian saímos do trabalho, podemos fazer o que quiser. Ir jantar fora, ir ao cinema ou ir para casa, que é o mais comum porque quando chega essa hora já estou morta de cansada. Nos fins-de-semana estamos com eles o tempo todo. As nossas férias são divididas em dois períodos de 15 dias. No primeiro semestre é com eles e no segundo semestre a gente viaja sozinho. Eu acho que dá para equilibrar. Tem períodos que fica meio complicado. Agora, por exemplo, que voltamos de férias, o Vinícius está com mais dificuldades de ir para a escola. Diz que quer ficar com a mamãe e chora quando eu digo que vou trabalhar, quer que eu ou o Willian vá buscá-lo na escola, essas coisas. Aí dá vontade de rasgar o crachá e fazer bijuterias em casa. Eu ainda não estou nesse ponto, mas estou quase. Se uma semana ele não voltar ao normal, não sei se vou agüentar. A gente se sente aquele lixo, aquele trapo quando vê um filho chorando porque quer ficar com você e você não pode dar a atenção que ele quer. Mas eu tenho tanta certeza do quanto é bom para o filho ter aquela imagem de mãe que trabalha, tem as suas funções, que colabora com a manutenção da casa. Sempre acabo superando isso e seguindo em frente. Este ano (2000) mudamos para um casa e eles estão adorando. Estão até brigando menos 


rotina das crianças 

O pediatra sempre me dizia que eles são três, mas não podem se matar. Têm de ter outros amigos. E eles têm um monte. No condomínio onde eu morava tinha uma praciinha e todos os dias eu descia com eles para brincar com os coleguinhas. Reuníamos com umas 20 crianças. Agora no condomínio novo a gente ainda não fez amizade com os vizinhos, mas eu ligo para os amiguinhos do outro prédio e eles vão lá para casa. Eles também têm amigos na escola, na natação e vão a todas festinhas que são convidados. Eles têm uma vida absolutamente normal. A gente tenta dar uma preservada neles, mas às vezes é meio impossível. Eu sempre brinco com os coleguinhas da imprensa que eu não coloco capuz nas crianças, não os proíbo de ser fotografados, mas eu não marco matérias com eles. É diferente. Uma coisa é você agendar entrevista para fotografar uma criança de 2 anos. Isso eu não faço. Outra coisa é estar passando na rua e ser fotografado, aí acho que não tem problema. Eles vão ter que aprender a conviver com isso. Mas eles podem não gostar. Eles nunca vão poder dizer que eu os obrigava a ficar fazendo fotos. Quando eles estiverem maiorzinhos e quiserem participar de alguma matéria, aí tudo bem. Mas, por enquanto, não quero expô-los. Não quero que eles sejam vistos pelos coleguinhas da escola, da pracinha ou da natação de maneira diferente. 
Sempre fui uma mãe presente, até hoje. As meninas dizem que eu acostumei mal as babás. Um dia, por exemplo, fomos para a natação e eu esqueci de colocar as calcinhas das meninas e a cueca do Vinícius na sacola. Sou eu quem escolhe as roupas das crianças, não tem ninguém pensando por mim. Então, quando você acorda meio suretada, acontece essas coisas. Resultado: eles voltaram de fraldas para casa, embora já tenham deixado de usá-las. 
Enfim, é puxado prá caramba, é uma loucura, mas, quando você está certa de que é aquilo que você quer para a sua vida, fica mais fácil de levar. Eu quis ter filho antes do Willian. Quando ele dizia que também queria um filho, eu fazia o seguinte teste: você está preparado para levar criança à festinha aos domingos? Levar a um teatrinho infantil? E ele falava: acho que não. Então eu dizia, então não é a hora. Quando ele disse que topava fazer qualquer coisa por um filho, aí decidimos que já era a hora. Tem que ser assim, senão é um peso muito grande para um lado só. É claro que sempre acaba sobrando mais para nós mulheres, porque nós somos um bicho muito estranho. A gente, por mais que o marido colabore, sempre acaba abraçando mais e, muitas vezes, tirando o espaço dele. Depois não adianta reclamar. 

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Aborto retido: riscos de infecções

Queridas, olá!

Pena que não encontrei este artigo antes. Ela fala sobre os tipos de infecção comuns nos abortos retidos, explica origens, sintomas, precauções, etc. E claro, também fala de óbito embrionário/fetal de uma forma geral. Vale ler! E espalhar também!

http://www.misodor.com/APRESENTA/HEMORRAGIAS%20DE%20PRIMEIRO%20TRIMESTRE.pdf

IMPORTANTE: quando suspeitar de mau prognóstico da gravidez


Olá, queridas!

Sofri um aborto retido e quem quiser ler o relato sem vasculhar este blog que vos fala, acesse:


Agora minha maior bronca: eu poderia ter sido alertada sobre isso e evitar mais sofrimento… Se tivesse ciente do mau prognóstico da minha gestação, não teria feito sexagem fetal, não teria dado nome à menina, não teria comprado bercinho, balancinho, diversos itens de RN…Não faria tanta ‘festa’ com meus familiares e muito menos com os companheiros de trabalho… Quero q saibam q é possível SIM visualizar o mau prognóstico da gestação no 1º trimestre. E acredito q nos demais também, mas é preciso infelizmente ter SORTE de pegar um médico competente e atento. Vamos lá:

DADOS PARA OS QUAIS OS MÉDICOS DEVERIAM TER ME ALERTADO SOBRE UM MAU PROGNÓSTICO DA GESTAÇÃO...

As análises básicas são essas:


1. Análise do saco gestacional:

A presença de SG de contorno irregular, com ausência do sinal do “duplo saco decidual”, com forma alongada e de implantação baixa (heterotópica), se associam a péssimo prognóstico gestacional. Quando a estes dados adicionamos a presença de hematoma subcoriônico significativo (maior que 50%), poderemos esperar índices de abortamentos superiores a 95%. Outro ponto de fundamental importância é a identificação do SG pequeno para a data. A identificação ultra-sonográfica de SG menor do que o esperado para a idade gestacional, ou de crescimento reduzido em exames seriados, em gestações de 6 a 9 semanas, mesmo com atividade cardioembrionária presente, está associada a um pobre prognóstico gestacional, com índices de abortamento espontâneo superiores a 80%.Por outro lado, a presença de SG de tamanho, e/ou crescimento normais, com batimento cardioembrionário presente, em gestações de 6 a 9 semanas, se associam a bom prognóstico gestacional, com índices de abortamento espontâneo inferiores a 2%.
Obs.: Importante salientar, se pela USTV não podemos identificar o embrião em SG com diâmetro médio maior do que 20 mm, isto é um sinal de péssimo prognóstico gestacional, podendo tratar-se de ovo anembrionado.
MEU CASO: COM 5 SEMANAS E 2 DIAS, MEU SACO GESTACIONAL TINHA 6,4mm (deveria ter em média 10,0 mm), OU SEJA, CRESCIMENTO REDUZIDO.
COM 8 SEMANAS E 2 DIAS, MEU SACO GESTACIONAL TINHA 26,5mm (deveria ter em média 30,0 mm), OU SEJA, CRESCIMENTO REDUZIDO.
SITUAÇÃO: MAU PROGNÓSTICO.
...E NINGUÉM ME ALERTOU!

2. Avaliação do Índice do Saco Gestacional (ISG):
O Índice do Saco Gestacional (ISG) é obtido a partir da diferença entre o diâmetro médio do saco gestacional (dmSG) e o comprimento cabeça-nádegas do embrião (CCN). Trata-se basicamente de indicador matemático relacionado ao crescimento do saco gestacional e ao crescimento do embrião. Deve ser utilizado principalmente em gesta- ções entre 6 a 9 semanas.
A presença de ISG anormal, vale dizer, menor do que 5, está associado a péssimo prognóstico gestacional, com índices de abortamento superiores a 90%. A presença de índice anormal (< 5) mostra importante oligoidrâmnio de primeiro trimestre, o que na maioria das vezes se deve à grave e precoce insuficiência placentária, devido fundamentalmente à síndrome de má adaptação do trofoblasto, ou alguma aneuploidia.
Ao contrário, a presença de ISG normal, ou seja, maior que 5, se associa a bom prognóstico gestacional. 
MEU CASO: COM 5 SEMANAS E 2 DIAS NÃO FOI POSSÍVEL CALCULAR PORQUE NÃO ERA POSSÍVEL VISUALIZAR O EMBRIÃO (NORMAL NESSA ETAPA DA GESTAÇÃO). MAS COM 8 SEMANAS E 2 DIAS, MEU US MOSTROU:
- Diâmetro médio do saco gestacional (dmSG): 26,5mm (ABAIXO DA MÉDIA, busquem no Google)
- Comprimento cabeça-nádegas do embrião (CCN): 16,0 mm (ABAIXO DA MÉDIA, vejam tabela)
- Índice do Saco Gestacional (ISG): 26,5mm - 16,0mm = 10,5 mm
O ISG DEU 'NORMAL',  PORÉM DEVERIAM ATENTAR PARA O FATO DO dmSG e do CCN ESTAREM ABAIXO DA MÉDIA, OU SEJA, AVALIAR SOMENTE O RESULTADO DO CÁLCULO NÃO GARANTE QUE TUDO ESTEJA BEM... O QUE PROVA QUE A AVALIAÇÃO DEVE ESTAR PERFEITA EM T-O-D-O-S OS ITENS DE ANÁLISES BÁSICAS PARA PROGNÓSTICO DA GESTAÇÃO. 
SITUAÇÃO: BOM PROGNÓSTICO. (?????)

3. Avaliação dos batimentos cardioembrionários:
A prova mais precoce de uma gestação viável é quando observamos a presença de atividade cardíaca embrionária. Com o advento da USTV com transdutores de alta freqüência, conseguimos obter facilmente imagens da atividade cardíaca embrionária em épocas bem precoces. Na totalidade dos casos normais, pela via transvaginal, a avaliação do BCE já deve ser feita a partir da 6a semana de gestação (inclusive). A não- visibilização e registro do BCE em gestação maior ou igual a 6 semanas é indicativo de perda gestacional.
Vários autores referem que em embriões normais, a freqüência cardíaca é crescente da 5a semana (82 bpm) até a 9a semana (156 bpm). Em gestações de primeiro trimestre, a presença de bradicardias significantes se associa a elevados índices de perda gestacional.A partir da 6a semana de gestação, o achado de BCE menor que 85 bpm deve alertar para a possibilidade de morte embrionária com abortamento espontâneo.
O achado de BCE de 100 bpm a partir da 7a semana é indicativo de repetição do exame em 1 semana. No caso de observarmos freqüência cardíaca menor ou igual neste novo exame, devemos considerar a possibilidade de 97% para a ocorrência de morte embrionária com sucessivo abortamento. 
MEU CASO: COM 5 SEMANAS E 2 DIAS NÃO FOI POSSÍVEL REGISTRAR OS BATIMENTOS PORQUE NÃO ERA POSSÍVEL VISUALIZAR O EMBRIÃO (NORMAL NESSA ETAPA DA GESTAÇÃO). MAS COM 8 SEMANAS E 2 DIAS, MEU US MOSTROU:
- Frequencia cardíaca: 147 bpm
ATÉ AÍ TUDO NORMAL, O QUE PROVA QUE A AVALIAÇÃO DEVE ESTAR PERFEITA EM T-O-D-O-S OS ITENS DE ANÁLISES BÁSICAS PARA PROGNÓSTICO DA GESTAÇÃO. 
SITUAÇÃO: BOM PROGNÓSTICO. (????)

4. Avaliação da vesícula vitelina:
A vesícula vitelina se torna evidente na USTV a partir de 5 semanas de gestação, medindo neste momento cerca de 4 mm de diâmetro médio. A ausência de vesícula vitelina na USTV, na maioria das vezes, está relacionada a gestações anembrionadas.
Alterações na sua forma (alongada), contorno (irregular), ecotextura (hiperecogenicidade), ou diâmetro podem estar associadas a péssimo prognóstico gestacional, com elevados índices de abortamento espontâneo.
Vesícula vitelina apresentando diâmetro médio menor que 4 mm, ou maior que 10 mm, se associam a prognóstico ovular reservado.
Ferrazi e cols., estudando 845 gestações de primeiro trimestre, verificaram através do acompanhamento do desenvolvimento embrionário pela ultra-sonografia, que a rela- ção entre o volume da vesícula vitelínica e o comprimento-cabeça-nádegas (CCN) encontrava-se aumentada naqueles casos onde ocorreu óbito embrionário. Acreditam que isto deva-se ao acúmulo de substâncias nutritivas que não foram metabolizadas pelo embrião.
Lindsay e cols. utilizaram a USTV para estudar o desenvolvimento da vesícula vitelina em relação ao CCN e a média dos diâmetros do saco gestacional. Neste estudo, verificaram que o diâmetro da vesícula vitelina acima de dois desvios-padrão da média se correlacionou com desenvolvimento anormal do embrião, culminando com abortamentos, anomalias cromossômicas e malformações fetais. 
MEU CASO: COM 5 SEMANAS E 2 DIAS, MINHA VESÍCULA VITELÍNICA TINHA 1,6mm DE DIÂMETRO, DEVERIA TER NO MÍNIMO 2,4mm (e no máximo 4mm).
COM 8 SEMANAS E 2 DIAS, MINHA VESÍCULA VITELÍNICA TINHA 7,0mm DE DIÂMETRO, DEVERIA TER NO MÁXIMO 6,4mm.
CALCULANDO O VOLUME DA MINHA VESÍCULA VITELINA (VV):
VOLUME = 4 x 3,14 x (0,35)3 / 3 = 0,18cm3
A MINHA DEVERIA TER NO MÁXIMO 0,15 cm3 ATÉ O FIM DA 8ª SEMANA!!! LEMBRANDO QUE A MÉDIA É 0,08 cm3(vejam tabela).
SITUAÇÃO: PÉSSIMO PROGNÓSTICO, COM INDICAÇÃO DE ANOMALIA GENÉTICA.
...E NINGUÉM ME ALERTOU!