sábado, 22 de dezembro de 2012

2º Aborto - Diário Clínico

Olá, queridas.

Bem, hora de iniciar o novo diário clínico. Como andam dizendo na novela, 'esse é o meu tapete' rs.
Eu tinha consulta marcada com minha médica para sexta-feira. Ia fazer um USG para ver se o 'ovo cego' estava no útero ou na trompa. Sim, queridas, pelo visto desta vez foi uma gestação anembrionária. Tenho quase certeza devido aos valores baixíssimos do beta HCG... Perdi a oportunidade de saber ao certo, mas tudo bem, não tenho bola de cristal e não ia imaginar que desta vez o aborto fosse iniciar tão cedo. Mas vamos direto ao assunto. Revisando:

Primeiro dia da última menstruação: 11/11
Data provável da ovulação: 23 ou 24/11
Data limite para fecundação/concepção: 26 ou 27/11
Data provável da implantação no útero (7 ou 8 dias depois da concepção): entre 02 e 05/12
Data provável do início da produção do HCG: entre 02 e 05/12
Então a contagem do beta HCG pode ser iniciada tendo como datas-base 02 e 05/12 e assim consultar a tabela de semanas.

No meu caso:


Data do 1º beta HCG: 11/12, 3 dias de atraso menstrual, 9 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 02/12) ou 6 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 05/12).

Valor: 111,80 mUI/ml.

Data do 2º beta HCG: 15/12, 7
 dias de atraso menstrual, 13 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 02/12) ou 10 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 05/12).
Valor: 279,90 mUI/ml.
Evolução: aumento de aproximadamente 60% a cada 48h.

Data do 3º beta HCG: 17/12, 9
 dias de atraso menstrual, 15 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 02/12) ou 12 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 05/12).
Valor: 303,10 mUI/ml.
Evolução: aumento de aproximadamente 8,30% a cada 48h.

Data: 21/12/12, 13 dias de atraso menstrual.
Sintoma: Sangramento leve iniciado às 22h, tipo princípio de menstruação, alternando entre secreção rosada e marrom escuro.

Data: 22/12/12, 14 dias de atraso menstrual.
Sintoma: Aumento discreto do sangramento, ainda tipo princípio de menstruação, na cor vermelho vivo.

Amores, eu volto para descrever até o fim, como na outra vez.

Beijos!



quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Interpretação da Tabela de Beta HCG

Olá, amigas!

Bem, realizei meus dois primeiros betas desta gestação no BRONSTEIN, aqui no Rio de Janeiro. O exame quantitativo vem cru, apenas com as referências:

Negativo - Inferior a 5 mUI/mL
Indeterminado - 5 a 25 mUI/mL
Positivo - Superior a 25 mUI/mL
Mulheres pos-menopausa - inferior a 8 mUI/mL

Porém fiz o último no LABS D'OR, também no Rio de Janeiro, pois tinha outros exames para realizar em conjunto. Fiquei feliz ao ver uma tabela explicativa de valores de beta HCG e principalmente porque bateram "certinho" com minhas duas gestações, ou seja, muito alto na primeira e muito baixo na segunda, ambos terminaram no não desenvolvimento do embrião.

Mas ATENTEM:  a MEDIANA é que serve como base de análise. 

Beijos!




segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Beta HCG - Tabela de Valores de Referência

Olá, amigas.

Esse post é sobre a tabela que anexei no último post. Na minha opinião, é um tanto furada. Coisas importantes a saber, entendidas depois de uma longa conversa com minha médica:

Não há problema se seu beta HCG for baixo com poucos dias de atraso. Pode ser que você tenha tido uma ovulação tardia sem saber. Eu fiz o exame com um pouco mais 48h de atraso e deu 111,80 mUI/ml. E se encaixava direitinho na tabela de referência do HCG abaixo, leiam o post anterior para entender.
Vi casos em que eram menores no mesmo prazo que o meu, tipo: 97,00 mUI/ml, 49,00 mUI/ml, entre outros. O mais importante é que ele no MÍNIMO dobre em 48h. "Dobrar" é uma referência baseada na média, porque na verdade ele sobe um pouco mais. Isso sim é sinal de gravidez em curso normal.
Queria aqui ressaltar a importância do acompanhamento da gravidez pelo exame de beta HCG. Isso evita muitas frustrações. Eu realmente sou atípica, acho bem chato detonar uma expectativa de ser mãe, mas não triste. Para eu ficar triste, tem que ser algo que me ameace. E para me ameaçar, tem que ser algo muito grave, sem saída, entendem? Mas muitas mulheres não pensam como eu, acho até que a maioria... E muitas ficam em êxtase quando fazem o primeiro beta, para algumas é a realização de um sonho. Daí vão ao médico e eles marcam uma USG para algumas semanas depois. Neste hiato, zilhões de planos são gerados: quartinho, roupinhas, parto... Conversas e inscrições em blogs, apps no iPhone rsrs. E isso é perfeitamente normal, contanto que seja para um evento que vai progredir! E o beta nos diz bastante sobre isso.
Nessa fase de gravidezes, eu estudei bastante sobre o assunto e tem duas coisas básicas que eu destaco:

1. Betas que sobem até 66% em 48h ou menos que isso indicam um péssimo prognóstico. Mesmo que evoluam (nessa proporção), vão desembocar no abortamento. É fato. Estatísticas médicas.

2. Betas muito altos para a idade gestacional precisam ser acompanhados com outros exames, pois também não tem bom prognóstico. Isso se você sabe ao certo o dia que engravidou, ou seja, se você faz acompanhamento seriado ou se só fez sexo no período considerado fértil e não mais até o fim do ciclo.

Eu, infelizmente, me encaixei nos dois casos. Na primeira gravidez, o beta altíssimo no início da quinta semana (7 mil e poucos) era sinal precoce da má formação, que se confirmou nos exames de ultrassom.
Na segunda gravidez, agora, meu beta aumentou próximo de 60% a cada 48h. E minha médica já marcou minha USG para tomarmos providências. Só espero que não seja ectópica, porque fujo de cirurgias! Mas já li sobre casos como o meu em que era ovo cego. Sei que vai soar estranho o que vou escrever agora, mas: tomara!

Bem, meninas, esse é mais um alerta. Espero que sirva para quem busca informações na net e dá de cara com um monte de textos técnicos e desencontrados ou mesmo religiosos, que nos confundem.

Beijos e até breve. Postarei mais tarde sobre o desfecho do meu caso.

Ah! O principal, a evolução do meu beta:

Primeiro dia da última menstruação: 11/11
Data provável da ovulação: 23 ou 24/11
Data limite para fecundação/concepção: 26 ou 27/11
Data provável da implantação no útero (7 ou 8 dias depois da concepção): entre 02 e 05/12
Data provável do início da produção do HCG: entre 02 e 05/12
Então a contagem do beta HCG pode ser iniciada tendo como datas-base 02 e 05/12 e assim consultar a tabela de semanas (veja post anterior).

No meu caso:

Data do 1º beta HCG: 11/12, 9 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 02/12) ou 6 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 05/12).
Valor: 111,80 mUI/ml.
Consultando a tabela: usando a data máxima para maior segurança, 9 dias, ou seja, 1 semana e 2 dias, deveria estar entre 50 e 100 mUI/ml. Sendo assim, com 111,80, me encaixei!


Data do 2º beta HCG: 15/12, 13 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 02/12) ou 10 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 05/12).
Valor: 279,90 mUI/ml.
Evolução: aumento de aproximadamente 60% a cada 48h.
Consultando a tabela: usando a data máxima para maior segurança, 13 dias, ou seja, 1 semana e 6 dias, deveria estar entre 50 e 100 mUI/ml. Sendo assim, com 279,90, passei!


Data do 3º beta HCG: 17/12, 15 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 02/12) ou 12 dias após a implantação (se considerarmos que tenha ocorrido em 05/12).
Valor: 303,10 mUI/ml.
Evolução: aumento de aproximadamente 8,30% a cada 48h.
Consultando a tabela: usando a data máxima para maior segurança, 15 dias, ou seja, 2 semanas e 1 dia, deveria estar entre 100 e 5.000 mUI/ml. Sendo assim, com 303,10, passei!

É importante dizer que fiz os exames quase no mesmo horário e que fiz coito programado no mês de novembro, então não tem erro de cálculo de datas.

Nem preciso dizer que não será necessário fazer outro beta. O alívio de tudo isso é que cresceu pouco, então creio que já esteja próximo do declínio e abortamento. Vou tentar como da outra vez, se estiver no útero, quero que seja natural, sem curetagem.

Ufa! Tchau!


domingo, 16 de dezembro de 2012

Bad news :(

Olá, queridas.

Bem, parece que o nome deste blog foi profético: vou ter que partir para a FIV mesmo. Digo isso porque eu até pensei em mudá-lo quando descobri minha segunda gravidez dia 10/12. Siiiim, eu até que engravidei bem rápido depois do aborto, no segundo ciclo de tentativa.
Fiz o beta no dia 11/12 pela manhã, dia que minha irmã estava indo para a maternidade ter meu "coisoco lindo"... E um pouquinho antes dele nascer, vi meu resultado pelo celular: 111,80 mUI/ml. No caminho para casa, dei uma espiada no celular mesmo se o valor estava coerente com 48h de atraso e o primeiro post que encontrei relatava um caso idêntico ao meu, só que o valor dela era 97,00 mUI/ml... E a gravidez foi super normal! Fiquei satisfeita, estava feliz com a chegada do meu afilhado junto com a notícia que poderia ter uma gestação saudável desta vez.
Lembrando um pouquinho minha história: após a primeira perda, fui à uma médica especialista em reprodução humana, realizei todos os exames para descobrir a(s) provável(is) causa(s) do aborto. Os exames apontaram que sou provável portadora de trombofilia e que tenhoTireoidite de Hashimoto, mas também que ainda não sofri consequência alguma referente à ambas. Sendo assim, ela me receitou Puran T4 25mg e me informou que, já que eu queria tentar por 3 meses engravidar naturalmente (não tinha históricos anteriores de aborto, então tinha esperança de ter a sorte que muitas tiveram de ter uma nova gravidez tranquila), precisaria avisá-la rapidamente quando me descobrisse grávida para que ela iniciasse as injeções de heparina para prevenção de trombos. E assim foi, marquei uma consulta com ela  dia 14/12, data mais próxima disponível. Levei o beta impresso e ela me pediu para fazer outros dois a cada 48h para acompanhar a evolução e já me receitou o Clexane 20mg para início imediato. Mandou que eu fizesse o beta no dia seguinte de manhã, sábado (15/12) e o outro dia 17/12. Quando eu estava me despedindo, ela me disse: "me liga assim que sair o beta, não tem problema ser sábado ou domingo, geralmente sai no mesmo dia, mas me liga!". Aquilo martelou na minha cabeça, mas só o tempo d'eu chegar na casa da minha irmã e ver meu lindinho.... Passei o dia inteiro com eles e quando cheguei em casa, retomei a reflexão sobre o "me liga"... Por que "me liga"? Se tudo tivesse normal, ela esperaria a nova consulta, que por sinal já estava agendada para 21/12.
Quero confessar uma coisa meio boba para vocês, mas acontece direto comigo: sempre tenho grandes revelações quando estou no banho rsrs. Não sei por que, talvez porque seja um momento solitário onde posso colocar os pensamentos em ordem... Sei lá! Mas acontece assim... Bem, continuando: estava no banho e me veio na mente que o beta estava baixo... Vejam bem, eu só havia lido um caso e de sucesso. Mas saindo do banho, resolvi pesquisar e vi que muitas meninas tinham valores de beta muito maiores que o meu na mesma idade gestacional... Aquilo já me quebrou e eu senti a mesma sensação de quando vi aquele corrimento escuro que gerou meu primeiro aborto. Galera, é chato pra car$#%&!!!!
Mas aí achei uma tabela que indica valores do hormônio a partir da implantação do óvulo fertilizado no úetro, espiem abaixo e vejam que eu me encaixo direitinho. Assim: fiz coito programado e a concepção ocorreu no máximo dia 25/11. Contando mais 7 dias para implantação no útero, 02/12. Fiz o primeiro beta em 11/12, ou seja, 9 dias depois. Como deu 111,80 mUI/ml, achei compatível com os valores da tabela para 1-2 semanas.
Acordei dia 15/12 com uma péssima sensação... A memória sempre nos trai, meninas! Isso é fato. Mesmo eu tendo passado "bem" pelo primeiro aborto, não deixou de ser um evento péssimo, né? Fiz o outro beta e tentei relaxar, mas não consegui de forma nenhuma. Para completar, tive que fazer um novo cadastro de paciente no laboratório que eu escolhi porque o sistema estava com problema e, quando fui verificar o andamento do exame via internet, cadê meu cadastro??? Não existia! Tive que ligar e fazer ameaças sérias, depois tudo se resolveu. Dessa vez a ansiedade me pegou, olhava de 20 em 20 minutos... Mas no fundo eu sabia que tinha algo errado. Vou corrigir: suspeitava. Outro fato curioso: meu marido é um cara super presente, mas nas vezes em que tive essa chata notícia de não evolução da gestação, minha mãe estava comigo. Da outra vez, ela viu o ultrassom sem batimento. Desta vez, estava com ela ao telefone quando saiu o resultado: 279,90 mUI/m. Deveria estar por volta de 500 :(
Liguei para minha médica que disse que realmente esse valor não era bom, mas que teria que fazer mais dois betas para acompanhar e continuar com o Clexane (falando nisso, para quem tem medo de agulha: não dói nadinha!!! Juro.). Quase desisti do Clexane, mas apliquei. Protocolo é protocolo, né? Mas, como sou mais racional que emocional, sei que esta gestação nem de longe vai adiante. Só espero que não seja algo sério, tipo gravidez ectópica... Um ovo cego já me deixaria feliz rsrsrsrs. É sério, já que está sacramentado o fracasso dessa gravidez, que seja algo que eu possa me livrar rapidamente e de forma natural, como da outra vez. Tomara!
Para finalizar, não está sendo nada dramático esse novo aborto... O primeiro foi bem mais 'pesado'. Agora minha mente está tranquila, focando só na minha saúde. Espero não ter que passar por cirurgia nenhuma... Fim de ano, gente!!! Pelamor! Daí fico pensando: p%$$, olha como eu fui irresponsável! Fazer um filho próximo de festas de fim de ano, já tendo tido um aborto antes... Energúmena! kkkk Mas tudo é experiência. Agora vou pensar na FIV para o ano que entra. Mas antes vou ajustar minha vida profissional, que está uma zona.
Amigas, aproveito para desejar boas festas à todas. Beijos!


domingo, 18 de novembro de 2012

Olá, minhas queridas antigas e novas amigas! 


Primeiramente eu quero me desculpar pela ausência, é aquela história, um vento forte sempre precede uma tempestade e minha situação profissional e pessoal "apertou" (puro eufemismo) bastante.

Pois bem, vamos ao que interessa, o resultado dos exames, que ficaram prontos após 21 dias:



















Agora os que fiz no 2º dia do ciclo menstrual após o aborto:





















Os resultados anormais foram:

Mutações nos genes MTHFR A1298C e C677T

O comentário da médica foi o seguinte: estas mutações sugerem que eu tenho tendência a desenvolver trombos no futuro 6 vezes mais que um indivíduo que não as possui. E isso porque ambas estão em heterozigose. Vou colocar a situação em combinação para me fazer entender, mas antes disso é necessário que vocês saibam que o primeiro gene estudado pelos cientistas foi o C677T, responsável pela regulação da homocisteína no sangue, então vários textos encontrados na internet focam muito nele. O outro, A1298C, foi estudado tempos depois e descobriu-se que ele é co-responsável pela mesma função. Vamos lá:


Combinação 1:
Mutação no gene MTHFR C677T: HOMOZIGOSE
Mutação no gene MTHFR A1298C: AUSENTE

Quando o gene MTHFR C677T está em homozigose, a situação é a seguinte: está associada à elevação dos níveis de homocisteína no plasma e a um risco 5-6 vezes aumentado de trombose venosa. Alguns estudos têm também indicado um risco aumentado para tromboses arteriais. Os níveis elevados de homocisteína podem ser corrigidos pela ingestão de folato. Sendo assim, o gene MTHFR A1298C, mesmo estando ausente, não muda a situação.


Combinação 2:
Mutação no gene MTHFR C677T: HOMOZIGOSE
Mutação no gene MTHFR A1298C: HETEROZIGOSE

Já sabemos a situação quando o gene MTHFR C677T está em homozigose. Sendo assim, o gene MTHFR A1298C em heterozigose influencia negativamente, dada a sua co-responsabilidade na situação.


Combinação 3:
Mutação no gene MTHFR C677T: HOMOZIGOSE
Mutação no gene MTHFR A1298C: HOMOZIGOSE

Já sabemos a situação quando o gene MTHFR C677T está em homozigose. Sendo assim, quando o gene MTHFR A1298C também está em homozigose, piora tudo, elevando os riscos. É preciso acompanhamento dos níveis de homeocisteína frequentemente.


Combinação 4:
Mutação no gene MTHFR C677T: HETEROZIGOSE
Mutação no gene MTHFR A1298C: HETEROZIGOSE

Quando ambos estão em heterozigose, analisando suas funções, conclui-se que esta situação equivale às combinações 1 e 2. Nada bom!


Combinação 5:
Mutação no gene MTHFR C677T: HETEROZIGOSE
Mutação no gene MTHFR A1298C: HOMOZIGOSE

Mesmo caso, equivale às combinações 1 e 2. 


Combinação 6:
Mutação no gene MTHFR C677T: HETEROZIGOSE
Mutação no gene MTHFR A1298C: AUSENTE

Quando o gene MTHFR C677T está em heterozigose, não há aumento do risco de trombose. Sendo assim, o gene MTHFR A1298C estando ausente, risco zero.


Bem, deu para notar que meu caso é aquele que complica, né? :(

Em compensação, todos os outros exames deram normais (leia aqui um comentário sobre resultados desses tipos de exames), então ainda não sofro com evidências de trombofilia. Mas minha médica me informou que, mesmo assim, é necessário que eu tome injeções diárias de heparina quando eu engravidar. Me orientou a fazer o beta HCG com 24h de atraso, pois essa medicação entrará no mesmo dia. E ela é cara... : /
Semana passada fui fazer o exame periódico da empresa na qual trabalho, a médica me questionou sobre gravidez e contei do aborto. Olha só o caso dela: tem a perna toda com cicatrizes por conta de cirurgias por trombose, já teve embolia pulmonar e teve duas gravidezes saudáveis, sem quaisquer medicações! Nem AAS! Segundo ela, JÁ QUE MEUS OUTROS EXAMES RELACIONADOS AO RISCO DE TROMBOFILIA ESTÃO NORMAIS, seria necessário apenas um acompanhamento via exames de sangue. Achei ótimo, mas vou seguir as recomendações da minha médica mesmo.


Anti TPO elevado

Denota 'Tireoidite de Hashimoto', ou tireoidite linfocítica crônica. É uma doença autoimune, cuja principal característica é a inflamação da tireóide causada por um erro do sistema imunológico. Na tireoidite de Hashimoto, o organismo fabrica anticorpos contra as células da tireóide. Esses anticorpos provocam a destruição da glândula ou a redução da sua atividade, o que pode levar ao hipotireoidismo por carência na produção dos hormônios T3 e T4. É uma doença que tem evolução estatisticamente benigna. Pode sim ter sido a causa do meu aborto, conforme as pesquisas apontam. No meu caso, os outros exames associados à ela estão normais, então não preciso de tratamento. Quem quiser ler a respeito, este texto é bem claro:



Mas amigas, atenção: minha médica disse também que, para quem quer engravidar, os níveis de TSH e T4 livre devem estar na MÉDIA dos valores de referência. Ou seja, mesmo os meus valores estando DENTRO do VR, precisariam ser MEDIANOS. Sendo assim, tive que iniciar uma medicação para baixar estes níveis e que vai ser administrada até mesmo durante a gravidez.


Proteína C elevada

Muito bom! rsrs Ela é um anticoagulante fisiológico!


Queridas, então acho que não faltou nada. Agora estou nos treinos novamente. Meu segundo ciclo acabou de ir embora e semana que vem muito amooooor hahahahaha. Vou tentar por 3 meses apenas e se não acontecer, FIV. 


Beijos em todas e desejo apenas força física e mental, o resto vem de lambuja :)

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Menstruei!

Queridas, olá!

Meu primeiro ciclo após o aborto iniciou hoje. Vou fazer um relato cronológico para ficar claro:

Do dia em que comecei a sangrar pelo aborto (09/09) até hoje (12/10), são 33 dias.
Do dia do fim do sangramento do aborto (19/09) até hoje (12/10), são 23 dias.

Li um artigo britânico que me incentivou a começar a tentar de novo rapidamente, só que vou aguardar ao menos os resultados dos exames de averiguação do causa do aborto. Fica a dica, hein! Quero ver barrigudinhas na área em breve! :)

Beijos!

O artigo:

"As mulheres que sofreram um aborto espontâneo não têm, necessariamente, de esperar um prazo de tempo para tentarem voltar a engravidar, revela um estudo britânico hoje publicado, que contradiz as recomendações médicas.
O estudo, realizado por investigadores da universidade escocesa de Aberdeen e publicado na revista médica British Medical Journal, demonstra que as mulheres que ficam grávidas seis meses depois de terem abortado espontaneamente têm mais probabilidades de ter uma gravidez normal e sem complicações do que as que adiam o momento.
A Organização Mundial de Saúde aconselha as mulheres que sofreram abortos naturais a esperarem seis meses para engravidarem de novo, enquanto o serviço britânico de saúde recomenda uma pausa de três meses.
Contudo, a investigação dirigida por Sohinee Bhattacharya comprovou que, fisicamente, não há nenhum impedimento para que as mulheres saudáveis fiquem grávidas quanto antes. Há, inclusive, vantagens, como o risco menor de haver outro aborto e a maior possibilidade de uma gravidez normal.
Sohinee Bhattacharya lembra que as mulheres que sofreram um aborto espontâneo arriscam-se mais facilmente a passar por outro e a terem também complicações numa nova gravidez.
A equipa da Universidade de Aberdeen analisou dados de 30 937 mulheres que acorreram aos hospitais escoceses entre 1981 e 2000: todas tiveram um aborto espontâneo e ficaram grávidas depois."


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Exames feitos! Bem, quase todos...

Queridas, olá!

Ontem fiz a coleta de sangue para os exames que vão averiguar as prováveis causas do meu aborto. Gente, encheram 11 vidrinhos daqueles, nossa!!! Tudo bem que não dói, realmente vc só sente a picada da agulha. Em todos os exames que fiz até hoje na minha vida, sempre ficava com um 'senhor' hematoma passadas algumas horas... Mas desta vez não! O técnico que fez a coleta massageou bastante antes de espetar a agulha, meu braço já tava ficando roxo com o aperto da borrachinha! rsrsrs Essa massagem durou uns 5 minutos, sem brincadeira... E quando a agulha foi espetada, ele travou bem meu braço para imobilizá-lo. Hoje nem consigo visualizar o furinho!!!! Parabéns ao profissional, que impressionante. Infelizmente não sei o nome dele, mas foi no Labs D'Or da Rua Pinheiro Guimarães, em Botafogo, e ele é o único homem que faz coleta. Para as amigas cariocas e com terrível medo de agulha, sugiro gastar um tempinho no trânsito e procurá-lo lá. Vale a pena!
Bem, o resultado mais demorado vai ser o do "Cariótipo da Banda G", só sai realmente após 30 dias, no meu caso, 5 de novembro. Então se vc está ansiosa para saber se há incompatibilidade entre vc e seu marido, faça o mais rápido possível.
Agora só falta a histeroscopia diagnóstica, que vou fazer pelo meu plano, desisti de fazer particular porque quando liguei para perguntar sobre custos, a atendente da Perinatal/Primordia já foi falando que a anestesia era paga a parte... Não é pelo preço e sim pelo fato de não terem me dado opção de ser sem anestesia... Gente, eu fujo de anestesia! rsrs Pelo que pesquisei, esse exame pode ser feito tomando apenas Buscopan 1 hora antes de ser realizado. Na minha opinião, anestesia só em último caso, pois a mesma exige bastante do nosso organismo de uma forma geral.
Beijos!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

FIV e a Síndrome de Down

Queridas, olá!

A cada dia que passa descubro uma coisa nova sobre a FIV.

Vejam:


Remédios usados em tratamentos de Fertilização In Vitro (FIV) em mulheres mais velhas podem aumentar os riscos de que elas tenham bebês com Síndrome de Down, dizem especialistas. Os cientistas já sabem que os riscos de uma mulher ter um filho com a condição aumentam em proporção direta à idade da mãe, especialmente a partir dos 35 anos de idade.
Agora, após um estudo pequeno envolvendo 34 casais, pesquisadores da Grã-Bretanha e Alemanha dizem suspeitar de que determinadas drogas usadas para estimular os ovários na FIV em mulheres mais velhas afetem o material genético dentro dos óvulos.
O estudo foi apresentado durante uma conferência da European Society of Human Reproduction and Embryology em Estocolmo, na Suécia. A equipe, do London Bridge Fertility, Gynaecology and Genetics Centre, em Londres, Inglaterra, e da Universidade de Bonn, na Alemanha, disse que serão necessárias mais investigações para confirmar sua hipótese.
Os pesquisadores dizem também não saber ao certo qual seria a magnitude do risco, mas acreditam que os remédios podem estar associados a outras anomalias genéticas.
A Síndrome de Down, também conhecida como Trissomia 21, é um distúrbio genético resultante da presença de três cópias do cromossomo 21 em vez de duas. Toda célula de um indivíduo com a condição contém 47 cromossomos em vez de 46. A condição é caracterizada por problemas de desenvolvimento mental e físico.
Estudo
Os 34 casais participantes haviam recorrido à técnica mais comum de reprodução assistida, a FIV. Todas as mulheres do grupo tinham mais de 31 anos e tomaram remédios que estimulam os ovários a liberar óvulos para a FIV.
Ao analisar os óvulos já fertilizados, os cientistas verificaram que alguns deles apresentavam erros genéticos. As anomalias encontradas poderiam resultar no fim da gravidez (por aborto natural) ou em nascimentos de bebês com distúrbios genéticos.
Uma análise mais detalhada de cem dos ovos que continham anomalias revelou que a maioria dos erros genéticos envolviam duplicações de cromossomos. Frequentemente, o erro resultou em uma cópia extra do cromossomo 21.
No entanto, os pesquisadores encontraram nos ovos fertilizados in vitro padrões de erros genéticos diferentes, e mais complexos, daqueles encontrados em casos clássicos de Síndrome de Down observados em bebês de mães mais velhas que engravidam naturalmente. Isto levou os pesquisadores a suspeitar de que o tratamento de FIV seria o responsável.
"Isto pode ser um indício de que a estimulação dos ovários estaria provocando alguns desses erros", disse Alan Handyside, diretor do London Bridge Fertility, Gynaecology and Genetics Centre e chefe do estudo.
"Já sabemos que esses remédios de fertilidade podem ter um efeito similar em estudos de laboratório. Mas precisamos trabalhar mais para confirmar nossas descobertas". Se mais testes confirmarem a hipótese da equipe, pode ser que médicos sejam mais cuidadosos ao recomendar esse tipo de tratamento, disse Handyside.
O grupo disse esperar que seu estudo possa também ajudar a identificar que mulheres se beneficiariam mais de técnicas de reprodução assistida que utilizam ovos doados em vez da FIV. Outro cientista envolvido no estudo, Joep Geraedts, da Universidade de Bonn, disse: "Isto (este estudo) já é um grande passo adiante que ajudará casais que têm esperanças de uma gravidez e nascimento saudáveis a alcançar isso".
Repercussão
Comentando o estudo, o especialista britânico em fertilidade Stuart Lavery, médico do Queen Charlotte''s Hospital, em Londres, disse: "Há um grande aumento no número de mulheres com idade mais avançada se submetendo a tratamentos por FIV".
"Anteriormente, achávamos que essas anomalias nos cromossomos estavam associadas à idade do ovo". "O que esse trabalho mostra é que muitas das anomalias não são aquelas convencionalmente associadas à idade. (O estudo) aumenta a preocupação de que algumas das anomalias estejam relacionadas ao tratamento".
"Não está muito claro se a medicação em si estaria afetando a qualidade do óvulo ou se a medicação estaria apenas reforçando o problema e excluindo óvulos que o sistema de controle de qualidade da natureza teria descartado (no processo natural de engravidamento)".

Fonte: Terra

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Estou confusa quanto à FIV agora...

Meninas... Estou confusa! Muito! Como estou com tempo, andei pesquisando em cima de relatos de mulheres no e-family, vejam aqui. Não gostei nadinha do que li. Me parece que a FIV é mais mal sucedida do que bem... E o pior: os motivos raramente são revelados. Rios e rios de dinheiro e quando o sucesso chega, nos raros casos, é lá pela 6ª vez em diante.
Aí todo mundo (inclusive médicos) me fala que, como foi meu primeiro aborto, deveria tentar "au naturel"... Mas eu fico naquela: e se vier outro problema cromossomial, vou ter que "engolir" outro aborto? Me afastar novamente do trabalho e encarar a triagem médica angustiante? Não, não quero isso. Por outro lado, há grandes chances da FIV falhar... Beco sem saída. Não sei o que pensar, sinceramente. Vou fazer os exames solicitados e repensar tudo. Se alguma boa alma tiver uma luz para me dar, aceito! rsrs

Beijos

Atualizando sobre PGD

Meninas, vou pirar! rsrs

Soube que estão fazendo PGD no exterior no 5º dia de vida do embrião e estão encontrando erros! Imagine aqui, que é feito no 3º dia... É o seguinte: parece que uma aparente anormalidade deve ser revista, pois a análise é feita a partir de uma célula... Pode ser que as outras prevaleçam e 'revertam' o caso.
Bem, olhem estes artigos e reflitam... Porque o PGD é beeeem caro!






Fazer ou não a biópsia embrionária na FIV?

Queridas, olá!

Mal fiz os exames para averiguar as prováveis causas do meu aborto e já estou pensando lá na frente! rsrs
Como já contei aqui, minha médica (especialista em reprodução humana) acha bem provável que meu aborto tenha ocorrido por anomalia genética (devido ao volume da vesícula vitelínica, veja aqui).
Andei pensando: comecei a tentar engravidar em fevereiro... Para isso, comprei aquele teste que confirma se está havendo ovulação, o "Confirme Fertilidade". Quando o exame apontava que meu período fértil estava iniciando, namorava dia sim, dia não (vale lembrar que o espermograma do meu marido está ok). Como não conseguia meu positivo, teve ciclo que treinamos todos os dias, coitado do meu maridinho haha. Só engravidei em julho e de um embrião provavelmente com anomalia cromossomial. Uma pergunta anda rondando minha cabeça: será que nos ciclos de tentativa que não deram certo a qualidade dos embriões era tão pobre que nenhum conseguiu evoluir ou mesmo se implantar? Como eu já tenho 39 anos, isso é uma possibilidade. Tenho que encarar que as pesquisas apontam que a qualidade dos óvulos está ligada à idade materna, quanto mais avançada, pior.
Sendo assim, embora tenha um custo muito alto se comparado ao valor do processo de fertilização em si, estou pensando seriamente em fazer a biópsia dos embriões que serão implantados, o tal PGD. Acredito que dessa forma as chances de perdê-los será reduzida... A médica me informou que somente os embriões com qualidade serão selecionados para implante... Mas isso não inclui avaliação dos cromossomos e sim a divisão celular, acredito eu. Quando a encontrar novamente, vou questionar quais os parâmetros que levam os geneticistas a avaliarem se um embrião é saudável ou não. Alguém aí sabe me responder isso? Se souber, comente, por favor. Como cada médico fala uma coisa, quero confrontar as opiniões. Ah, mais uma coisa que a médica me disse: que há uma chance de 7% de perder os embriões caso se remova uma célula para enviar para o PGD.
Resumindo, a comparação geral que faço é essa: melhor gastar um pouco mais e fazer o PGD nos embriões do que transferi-los e correr o risco de abortá-los por falha cromossomial. Se eu tranferir sem o PGD e abortar, certamente vou achar que fui imprudente.
Podem ter certeza que volto aqui para contar minha sabatina à médica haha.

Beijos!

Segue um link sobre o PGD:
http://www.clinicaconceber.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=17&Itemid=4

Histeroscopia diagnóstica

Queridas, olá!

Na próxima quarta-feira, 03/10/12,  tenho uma entrevista com o ginecologista que vai fazer minha histeroscopia diagnóstica. Sim, antes de realizá-la é necessário uma entrevista com o médico responsável pelo procedimento. Atentem para isso!
Sou marinheira de primeira viagem (espero que seja a última!) em aborto e esse é um dos exames que estou fazendo para investigar as prováveis causas. Quem quiser mais detalhes, leia o post "Exames para averiguar prováveis causas do aborto".

Então é isso, na quarta eu volto para dizer como foi.

Beijos!

Atualizando (data: 20/11/12): ainda não fiz a histeroscopia. Já estava tudo agendado, mas menstruei e acabei não indo. Como meu exame para CA 125 deu normal, minha médica permitiu que eu fizesse a histeroscopia apenas quando eu decidir pela FIV, ou seja, ainda vou ter que aguardar os 3 meses que me "dei" para tentativas naturais.

domingo, 30 de setembro de 2012

Para quem fez biópsia embrionária/fetal após o aborto

Queridas, olá!

Este post é dedicado àquelas que fizeram a biópsia do embrião/feto após o aborto e têm dificuldade de entender o resultado. A tabela abaixo revela os percentuais das anormalidades e se você encontrar alguma delas citada no seu laudo, consulte:
http://www.laboratoriogene.com.br/docs/artigoPerdasFetaisInvestigacao.pdf




sábado, 29 de setembro de 2012

Por que os tratamentos de Fertilização in Vitro podem falhar?

Queridas, olá!

Lá vou eu na minha saga de pesquisas rumo ao sucesso... Quero me informar ao máximo para questionar da mesma forma meus médicos da área reprodutiva. Olhem este artigo:

Fonte: http://www.ipgo.com.br/por-que-a-fertilizacao-in-vitro-pode-falhar/


Para muitos casais que passam por tratamentos contra infertilidade, a fertilização in vitro representa a última esperança de conseguir um filho. Muitos já passaram por outras tentativas, sem sucesso, de tratamentos de menor complexidade, como o Coito Programado e a Inseminação Artificial, e, por isso, é muito frustrante para eles, que depositaram todas as suas expectativas neste tratamento, ver que todos os esforços foram em vão. Tempo perdido, disciplina nos horários, injeções, ultrassom, dinheiro gasto, expectativa, ansiedade – a vida parou naquele período – e não deu certo! Uma pergunta comum após o teste negativo é: por que o embrião ou os embriões transferidos para o útero não implantaram? A resposta geralmente não é simples, mas algumas hipóteses devem ser avaliadas, pois podem ajudar a esclarecer problemas menos frequentes que ainda não foram pesquisados, mas ao serem diagnosticados podem ter aumentadas as chances de serem tratados no futuro. As causas do insucesso podem ser problemas com os embriões, com o útero-endométrio, de endometriose e problemas imunológicos.

Embriões

Um problema comum são as eventuais alterações cromossômicas do embrião, que impedem a implantação, principalmente em mulheres com mais de 40 anos, mesmo quando eles têm um aspecto próximo à perfeição no dia da transferência. Isso não significa que esse será um problema repetitivo em todos os tratamentos, mas a possibilidade deve ser considerada para se compreender que pode ter havido uma seleção natural do organismo materno, que impediu a implantação do embrião não saudável. Quando houver essa suspeita, o casal poderá realizar o exame do cariótipo, que identifica anormalidades cromossômicas que estão “dormentes” em cada um deles, isto é, são características recessivas que não aparecem em um indivíduo, mas que ao serem transmitidas ao embrião poderão tornar-se evidentes e causar doenças que impossibilitam o desenvolvimento do bebê. As alterações mais frequentes são as inversões e translocações cromossômicas balanceadas. O cariótipo é um exame de sangue simples e, nesses casos, deve ser feito tanto pela mulher como pelo homem. É importante esclarecer que homens que têm uma baixa contagem de espermatozoides possuem chances maiores de apresentar anormalidades cromossômicas. Uma outra alternativa, nesses casos e em outros, com mulheres com mais idade, que têm maior chance de ter bebês com malfornação cromossômica, é a biópsia embrionária para a realização do exame PGD (Pré-implantation Genetic Diagnosis), traduzindo para o português DPI (Diagnóstico Pré-Implantacional) realizado para diagnosticar anomalias cromossômicas do embrião. Existem dois tipos de PGD:
1- PGD pela técnica de FISH (Fluorescence In Situ Hybrydization), que consiste na retirada de uma célula no terceiro dia de desenvolvimento, quando o embrião, ainda no laboratório, tem ao redor de oito células. Em seguida, esta célula é encaminhada para análise, e o resultado fica disponível antes de os óvulos serem transferidos para o útero. Este exame permite a análise de no máximo 11 cromossomos, que são representados pelos números 13, 14, 15, 16, 17, 18, 20, 21, 22 e pelos sexuais X e Y. Somente os embriões saudáveis são transferidos.
2- PGD por Hibridação Genômica Comparativa pela técnica de microarray e definida pela sigla a-CGH (microarray – Comparative Genomic), que estuda os 24 cromossomos (22 pares de cromossomos autossomos denominados com números de 1 a 22 e mais dois sexuais X e Y). Nesta técnica, mais moderna que a anterior, o embrião deve alcançar o estágio de blastocisto (quinto dia de desenvolvimento). São retiradas de 6 a 10 células e por isso o diagnóstico é mais preciso e seguro quando comparado ao anterior, sendo possível identificar um maior número de anomalias, uma vez que são analisados 24 cromossomos. O a-CGH, também chamado de PGD-24, pode ainda aumentar a chance de sucesso dos tratamentos, pois evita a causa mais frequente de perdas gestacionais que são as aneuploidias embrionárias, além de reduzir o risco de gestação múltipla, pois um número menor de embriões poderá ser transferido. Outra vantagem é que, ao aguardar o desenvolvimento dos embriões até o estágio de blastocisto, pela seleção natural, haverá um menor número de embriões a serem examinados em comparação ao exame PGD-FISH, realizado no terceiro dia, o que pode reduzir o custo. Entretanto, existe o risco de, ao aguardar até o estágio de blastocisto, não ter embriões para serem transferidos.
Isso é frustrante, mas é importante que saibam que tal fato, provavelmente, é apenas uma antecipação de um resultado negativo de gravidez.
Existem outros exames que avaliam a qualidade dos embriões, como análise do meio de cultura em que eles se desenvolvem no laboratório, aparelhos que avaliam o consumo de oxigênio de cada um e a velocidade de divisão celular (Embrioscópio), além de outros que analisam quais embriões têm maior chance de implantação. Entretanto, ainda é necessário que sejam feitos mais estudos para conclusões definitivas a esse respeito.
Outro problema é a espessura aumentada da zona pelúcida, a membrana que envolve o embrião, a qual, nessas condições, atrapalha a implantação. Para diagnosticar essa alteração utiliza-se o “Assisted Hatching”, um procedimento realizado pelo laser, que faz pequenas aberturas nessa camada, ajudando na implantação. Essa técnica pode ser também utilizada em embriões fragmentados, retirando os fragmentos e melhorando seu potencial de implantação.
O fator masculino pode ser também responsável pela má qualidade embrionária. Além da repetição do espermograma, outros exames poderão ser realizados ou refeitos. Recentemente, tem sido indicado o exame de Fragmentação do DNA dos Espermatozoides (SCSA – Sperm Chromatin Structure Assay ou teste de estrutura cromatina espermática), que quando está alterado reduz a capacidade reprodutiva dos homens. Já existem publicações científicas que comprovam a influência dessas alterações nas taxas de sucesso gravidez e como causa abortos. Calcula-se que quando o Índice de Fragmentação for igual ou superior a 30, as taxas de sucesso estarão comprometidas. A causa mais frequente para essa alteração é o estresse oxidativo, causado pelos maus hábitos (cigarro, álcool etc.) e pela obesidade, entre outros fatores. As vitaminas C e E, além da orientação ao paciente de condicionar de forma saudável seu estilo de vida, poderão solucionar o problema. Por isso, não custa nada antes de iniciar qualquer tratamento de infertilidade sugerir uma rotina de vida fundamentada em bons hábitos.
Quando o homem apresenta espermatozoides com alterações importantes da motilidade, morfologia, altas taxas de fragmentação do DNA e presença de vacúolos – o conjunto dessas alterações é denominado pela sigla em inglês MSOME (Motile Sperm Organellar Morphology Examination) –, além de abortos repetidos, pode ser indicado o IMSI (Intracytoplasmic Morfologically Select Sperm Injection), ou “Super ICSI”, ou “ICSI de alta magnificação” ou “ICSI magnificado”, considerado um dos mais recentes avanços nas técnicas de Fertilização Assistida. É uma nova versão do já conhecido ICSI (Injeção Intracitoplasmática do Espermatozoide).
O IMSI utiliza um novo sistema ótico chamado “contraste de fase interferencial”, que apresenta objetivas de maior poder de ampliação eletrônica das imagens, podendo observar os espermatozoides em mais detalhes, detectar seus defeitos e selecionar os melhores, pois são aumentados em até 12 mil vezes. O ICSI convencional aumenta só 400 vezes. Existem perspectivas de que no futuro um microscópio potente poderá separar os espermatozoides saudáveis daqueles comprometidos para que só eles sejam introduzidos no óvulo, mas isso é ainda uma promessa distante da realidade atual.
Os protocolos de indução de ovulação e as drogas utilizadas podem ter influência direta no número e qualidade dos óvulos e embriões, por isso mudanças nesse aspecto, podem ser bem-vindas. Não há um esquema único de remédios que seja ideal para todas as mulheres. Existem muitos medicamentos de ótima qualidade que são ideais para algumas pacientes, mas não para outras. Nem sempre é possível acertar na primeira tentativa. Portanto, após uma análise criteriosa do ciclo anterior, nova possibilidade pode ser recomendada.
Outras técnicas novas têm sido indicadas para melhorar a qualidade dos embriões, como a transferência de citoplasma. Nessa técnica, o citoplasma do óvulo de uma doadora é injetado no óvulo da mulher receptora antes da fertilização. Embora esse procedimento possa melhorar a qualidade embrionária, entra em contradição com princípios éticos por provocar a integração de vários padrões cromossômicos.

Útero-Endométrio

Normalmente a avaliação da cavidade uterina é feita antes dos programas de fertilização in vitro, mas, caso ainda não tenha sido feita, essa investigação poderá ajudar a afastar alterações como pólipos, miomas ou aderências que podem impedir a implantação dos embriões. O melhor exame para essa investigação é a videohisteroscopia (visibilização da cavidade uterina por um endoscópio), que, além de diagnosticar as alterações citadas, pode identificar processos inflamatórios (endometrite) não reconhecidos em outros exames comuns ou a presença de células NK (Natural Killer-CD 56) que em concentrações elevadas podem atrapalhar a implantação dos embriões. A biópsia do endométrio pode concluir essas hipóteses e o tratamento com antibióticos, antiinflamatórios e eventualmente corticóides e imunoglobulina resolverão estes problemas (Rai, Raj S – IVI 2011). Outra questão é a ausência de algumas proteínas no endométrio que facilitam a implantação dos embriões. Já foram detectadas mais de 50, mas as mais estudadas são a Claudina-4 e o LIF (Fator Inibidor da Leucemia ou Fator Essencial para a Implantação). Quando estiverem ausentes ou em proporções desequilibradas, a chance de implantação embrionária será menor, mas não impossível. Esse diagnóstico é raro e só deve ser pesquisado em situações especiais, uma vez que existem controvérsias nas interpretações dos resultados.
As pacientes que tiveram endométrio fino durante a indução da ovulação nas tentativas anteriores poderão ser beneficiadas com o uso do hormônio estradiol, aspirina e outras drogas vasodilatadoras. Outras avaliações do endométrio poderão ser feitas num futuro próximo. A hidrossalpinge, que é consequência de um processo inflamatório que dilata as trompas e provoca a formação de conteúdo líquido no seu interior, prejudica o ambiente uterino, dificulta a implantação dos embriões e aumenta a incidência de abortos.
A retirada das trompas afetadas aumenta significativamente as taxas de gravidez, pois o conteúdo que nelas havia e que provavelmente escorria para o interior do útero, impedindo a gravidez, deixa de existir. O diagnóstico de hidrossalpinge pode ser feito pelo ultrassom, por histerossalpingografia e pela videolaparoscopia.
A dificuldade na transferência dos embriões muitas vezes causa traumas no endométrio e atrapalha a implantação do embrião, principalmente quando este ato for acompanhado de dor. A videohisteroscopia com a dilatação do colo ou simplesmente a dilatação do colo uterino isolada beneficia a próxima tentativa que, preferencialmente, deverá ser realizada com sedação. A transferência embrionária sob a visão do ultrassom traz benefícios ainda maiores, pois permite ao médico observar o trajeto do cateter em direção à cavidade uterina, bem como mostrar ao casal a localização exata da colocação dos embriões.

Sistema imunológico

Os problemas imunológicos têm sido responsabilizados por alguns casos de insucesso na fertilização in vitro e por abortos de repetição. Alguns autores acreditam que muitos casos de falha são, na verdade, abortos muito precoces que, após um período curto de implantação embrionária, não chegam a ser detectados nos testes de gravidez, não evoluem e são eliminados. Existem controvérsias a respeito desse tema, mas os resultados positivos após a terapia com vacinas têm nos encorajado a prosseguir com esse tratamento, indicado em situações especiais.
Cross Match: é um exame que não apresenta comprovação nem evidências científicas comprovadas nos resultados obtidos (Medicina Baseada em Evidências). Por isso, a sua indicação deve ser restrita a alguns casos. São poucos os países no mundo que realizam essa pesquisa com tal finalidade, entretanto, pode ser uma opção. Para que se entenda esse exame é necessária a compreensão de que todo ser humano possui a capacidade de rejeitar corpos estranhos e o embrião pode ser considerado como tal, pois traz com ele o DNA paterno, que é estranho ao organismo materno. Entretanto, em condições normais, o organismo da mãe deve produzir um “anticorpo protetor” – chamado de fração HLA-G –, que protege o embrião contra este “ataque imunológico” e impede a rejeição. Quando esse “anticorpo de proteção” não é formado, os mecanismos de agressão imunológica seguem o seu caminho natural, impedindo a gravidez ou mais tarde provocando o aborto. Essa alteração do organismo – que curiosamente aparece quando há semelhança imunológica entre o pai e a mãe e não quando são muito diferentes – é detectada pelo exame Cross Match. Para se realizar essa pesquisa retiram-se amostras de sangue do homem e da mulher e, em laboratório, realiza-se uma prova cruzada entre os dois, para identificar a presença dos anticorpos. Se não estiverem presentes, será necessário o tratamento com vacinas. Esta imunização é realizada com o sangue paterno, do qual são separadas as células brancas (linfócitos) e com elas preparadas as vacinas, depois injetadas na mãe pela via intradérmica. São realizadas duas ou três aplicações com espaço de tempo de três semanas entre elas. Após o término dessa série, o Cross Match é repetido e, confirmando a virada do resultado anterior para positivo, uma nova tentativa de fertilização poderá ser iniciada. Se não houver essa virada, uma nova série de duas aplicações será realizada.
Trombofilias: Existem outros exames que avaliam fatores imunológicos e, junto com este grupo de exames, estão as trombofilias. São doenças pouco frequentes e que provocam alterações de coagulação do sangue. Essas alterações não são detectadas em exames de sangue comuns e, quando existem, aumentam a chance de formar coágulos sanguíneos e causar tromboses mínimas capazes de impedir a implantação do embrião ou provocar abortos. Os exames para essa pesquisa são feitos por coleta de sangue em laboratórios especializados e sempre com indicação médica.
São eles:
  • Anticorpos antifosfolípides
  • Anticorpo antifosfatidil – serina (IgG, IgM e IgA)
  • Anticorpos antitireoideanos
  • Anticorpos antinucleares
  • IgA
  • Células NK (Natural Killer)
  • Anticorpo antiespermatozoide
  • Fator V de Leiden
  • Antitrombina III
  • MTHFR
  • Protrombina mutação
  • Hemocisteína
  • Proteína S
  • Proteína C
  • Beta 2 glicoproteína I
A presença dessas alterações no sangue das mulheres sugere causas imunológicas ou trombofilias. Os tratamentos variam de ingerir uma simples aspirina infantil até tomar medicamentos mais sofisticados, como a heparina, corticoides e imunoglobulina injetável.
É fundamental salientar que essa tecnologia não representa garantia no sucesso para a obtenção da gestação e sim uma nova alternativa para aqueles que até o momento não tiveram sucesso em tratamentos anteriores.

Endometriose

A associação da endometriose com a fertilidade tem sido alvo de discussão há muitos anos. Os debates em torno das proporções com que esta doença afeta a capacidade de a mulher ter filhos têm causado, por muitas vezes, um vaivém nas condutas e tratamentos médicos. Todos os tipos e graus de endometriose podem influenciar a fertilidade, entretanto, frequentemente o diagnóstico não é tão evidente e fica como última opção na pesquisa, entre outras causas de infertilidade.
Em alguns casos essa demora pode ser causada pela inexistência de sintomas, ausência das queixas clínicas e falta de evidências laboratoriais dos exames de sangue e do ultrassom endovaginal. Muitas vezes somente após passar certo período, no qual foram realizados tratamentos sem sucesso, é indicada a videolaparoscopia, que conclui o diagnóstico. A espera por esse esclarecimento atrasa a concepção e prolonga o sofrimento do casal. A endometriose pode atrapalhar o resultado de gravidez mesmo nos programas de fertilização in vitro, e por isso, após a falha desses tratamentos, tal possibilidade de diagnóstico deve ser avaliada, mesmo na ausência de sintomas. Temos observado uma taxa maior de gravidez em pacientes com sintomologia inexpressiva que realizam a videolaparoscopia quando comparada com aquelas que não fizeram e, por isso, acreditamos muito na importância desse diagnóstico.
A endometriose causa infertilidade pelos seguintes efeitos:
  • influencia os hormônios no processo de ovulação e na implantação do embrião;
  • altera também o hormônio prolactina e as prostaglandinas, que agem negativamente na fertilidade;
  • provoca alterações imunológicas – alterações celulares responsáveis pela imunologia do organismo (células NK, macrófagos, interleucinas etc.);
  • interfere na receptividade endometrial – o endométrio, tecido situado no interior da cavidade uterina, local onde o embrião se implanta, sofre a ação de substâncias produzidas pela endometriose (ILH e LIF – leukemia innibitory factor), que atrapalham a implantação do embrião;
  • pode interferir no desenvolvimento embrionário e aumentar a taxa de abortamento.

Abortamento: quando a causa é genética

Queridas, olá!

Como relatei num dos meus posts, a médica especialista em reprodução humana que consultei suspeitou, através de um dado do do meu US de 8 semanas, que a provável causa do meu aborto foi anomalia genética.
Buscando mais informações à respeito, vi que a anomalia mais comum associada ao aborto espontâneo ou recorrente é a trissomia do cromossomo 16, que corresponde à aproximadamente 50% dos casos onde a causa é genética. E também que a origem é geralmente materna... Huuum, magoei!rs
Encontrei um artigo muito interessante, mas é preciso ler com calma porque os termos são, em sua maior parte, técnicos. Mas dá pra compreender bem.
Eu sou assim, sempre que me deparo com um problema na vida e vislumbro a chance dele não vir a acontecer mais, luto até o fim para que assim seja. Não considero perda de tempo... Seria sim, se eu cruzasse os braços e mergulhasse de cabeça numa nova chance de fracasso. Cansei de ler casos de gente que ouve "tenta de novo, é comum perder na primeira vez!"... Ou "conheci muitas que perderam e depois tiveram muitos filhos saudáveis!"... Ou "eu perdi 4 vezes e na 5ª consegui!"... Na boa, eu não concebo isso. Por que se arriscar a sofrer diversas vezes se vc pode evitar? Por que não aumentar suas chances de sucesso? O mínimo que vc pode conseguir é uma consciência tranquila, pois vc fez tudo ao seu alcance para que não houvesse novo fracasso. Seu emocional agradecerá. Seu físico também. Não vou entrar aqui no mérito religioso, pois já li muitos relatos de sucessivos abortos em que a mulher sempre fala "deus sabe o q faz"...Ou "deus vai me abençoar na próxima vez"... Não tenho religião ou mesmo acredito em deus, porém pergunto: custa dar uma forcinha a deus? Não seria incoerente aos olhos dele ter tantos médicos e pesquisadores e vc ignorá-los? Pelo pouco que entendo desse assunto, deus é inteligência e amor... Então.. Vc+médicos+pesquisadores=grandes chances de sucesso. Seu sucesso=muito amor na chegada do seu tão sonhado baby. Tudo a ver, né? :)

Chega de conversa... haha... Vamos ao objetivo deste post:



Alexandre Otavio Chieppe

1. Introdução
Os fatores genéticos constituem a causa mais comum de abortamento habitual. Em 1961 foi descrito o primeiro caso de abortamento em decorrência de anormalidade cromossomial e, desde então, vários trabalhos têm relacionado o abortamento espontâneo com fatores genéticos.
O abortamento recorrente de origem genética resulta basicamente de duas situações diferentes.
A primeira é a presença de uma alteração cromossômica estrutural (como uma translocação ou inversão) em um dos pais, levando geralmente a casos de aneuploidia recorrente no embrião. Em cerca de 2 a 14% dos casais com aborto habitual, o homem e/ou a mulher carreiam uma anormalidade citogenética.
A segunda é a repetição de anormalidades numéricas no embrião abortado. É uma importante causa de aborto espontâneo, porém, é um evento esporádico que pode não se repetir em gestações subseqüentes. É causado por alterações durante o processo de gametogênese e/ou fertilização. Neste caso, o casal não apresenta qualquer anormalidade no cariótipo.

2. Alterações cromossômicas estruturais no casal
2.1. Translocações balanceadas
É a anormalidade cromossômica mais comum nos casais com aborto habitual. Decorre de um crossing-over entre cromossomos não homólogos durante a meiose. Uma translocação balanceada nos pais pode levar à produção de gametas não balanceados, levando invariavelmente ao aborto ou malformação fetal.
A incidência de translocações nos casais varia de 0 a 30%, sendo duas vezes mais freqüentes em mulheres. Essa grande variação deve-se aos diferentes critérios adotados nos estudos.
No caso das translocações Robertsonianas, ocorre um crossing-over na área do centrômero entre dois cromossomas acrocêntricos (grupos D ou G).
Uma vez detectada uma translocação balanceada, o casal deve receber aconselhamento genético. O risco de abortos subseqüentes, que pode variar de 10 a 100% dependendo do tipo de translocação, e de malformação fetal associada devem ser informados.
Nas translocações Robertsonianas, as informações e os dados são mais homogêneos e a informação mais consistente. O risco de aborto nesse caso é de cerca de 10 a 20%. Obviamente, o tratamento depende do tipo de translocação identificada.
2.2. Inversões
As inversões constituem outra anomalia cromossomial estrutural que pode levar ao aborto habitual. Ocorre quando dois pontos de clivagem do mesmo coromossomo dão origem a um segmento livre, que é reinserido de forma invertida. Pessoas heterozigotas são fenotipicamente normais, visto que não há perda ou adição de material genético.
Se os pontos de clivagem são do mesmo lado do centrômero, a inversão é chamada de paracêntrica, e se são de lados opostos, englobando o centrômero, é chamada de periêntrica. Independente do tipo, as inversões podem ser de difícil diagnóstico, o que pode contribuir para sua relativa baixa incidência em casais com aborto habitual.
As anormalidades cromossômicas no concepto decorrem da formação de cromossomos anormais durante o processo de crossing-over da meiose. Nesse momento, o cromossomo forma uma "alça" no segmento invertido para que possa parear com o cromossomo homólogo.
No caso da inversão pericêntrica, ocorre deficiência ou duplicação cromossômica, resultando em abortos ou neo/natimortos. Já o crossing-over na inversão paracêntrica resulta em segregação acêntrica ou dicêntrica, o que leva invariavelmente ao abortamento. Quanto menor o segmento de inversão, maior a alça formada durante o pareamento e maior a chance de anormalidades no concepto.
A inversão mais comum é a inversão pericêntrica do cromossomo 9. Há controvérsias sobre a importância dessa inversão e alguns autores a consideram uma variante normal, o que torna o aconselhamento genético mais difícil. Na inversão paracêntrica, um dos cromossomos anormais é dicêntrico e o outro acêntrico - ambos são incompatíveis com a vida.
2.3. Mosaicismo

Nas mulheres, o mosaicismo do cromossomo X ([45,X/46,XX] [45,X/46,XX/47,XXX]) tem sido associado à história de abortos recorrentes. O diagnóstico, através do cariótipo do casal, nem sempre é simples de ser realizado.
2.4. Heterocromatina

Variações na quantidade de heterocromatina também têm sido relacionadas como uma possível causa genética de abortos espontâneos. Ainda são necessários mais estudos para a confirmação dessa teoria.

3. Anormalidades numéricas no concepto
Junto ao estudo do cariótipo do casal, a outra abordagem na avaliação das causas genéticas de aborto habitual é o exame do cariótipo do concepto abortado. É importante ressaltar que os dados disponíveis na literatura médica referem-se freqüentemente a casos de abortos espontâneos isolados e não a casos de abortamento habitual.
O mecanismo pelo qual as anormalidades cromossômicas do concepto levam ao abortamento ainda não está completamente esclarecido.
3.1. Trissomia
A trissomia autossômica é o achado mais freqüente nos abortos de primeiro trimestre (precoces) clinicamente reconhecidos e corresponde a cerca de 50% de todas as anormalidades cromossomiais encontradas nos conceptos abortados. Resulta de uma não-disjunção meiótica durante a gametogênese em casais com cariótipo normal.
Todas as trissomias cromossômicas já foram identificadas em abortos espontâneos, exceto a trissomia 1, pois provavelmente leva a perdas no período pré-implantação. A trissomia 16 é a mais comum.
Nos abortos trissômicos, o cromossomo adicional é, na maioria das vezes, de origem materna.
3.2. Triploidia

A triploidia é relativamente comum nos fetos humanos, correspondendo a até 15% dos casos de abortos espontâneos esporádicos. As triploidias mais comuns são 69,XXY e 69,XXX. São causadas pela retenção de um segundo corpo polar durante a ovogênese, pela fertilização dispérmica ou pela fertilização de um oócito normal por um espermatozóide diplóide. A retenção do primeiro corpo polar é um evento menos freqüente.
Na triploidia, o concepto geralmente desenvolve-se até cerca de 5 semanas. Uma grande variedade de alterações morfológicas pode estar presente. A associação com defeitos do tubo neural não é incomum.
3.3. Monossomia X
É responsável por 20 a 25% dos casos de anormalidades cromossômicas no concepto abortado. Pode estar associada à higroma cístico e edema generalizado. A duração média da gestação é de cerca de 6 semanas.
3.4. Tetraploidia
É relativamente rara e incompatível com a vida. O concepto pode ser 92,XXXX ou 92,XXYY.

4. Investigação laboratorial
4.1. Avaliação citogenética do casal
A cariotipagem não aumenta obviamente a chance de uma gestação normal, mas pode fornecer informações valiosas sobre qualquer anomalia cromossômica no casal que possa ser a causa dos abortos espontâneos recorrentes, fornecendo subsídios para o aconselhamento genético. A presença de uma alteração citogenética pode ser o ponto inicial para o estudo e aconselhamento dos familiares em idade reprodutiva do casal.
4.2. Avaliação citogenética do concepto abortado
Se o cariótipo do casal é normal, um estudo citogenético do concepto abortado deve ser realizado nos casos de abortamento habitual. Estudos desse tipo não são simples de serem realizados e são relativamente caros.

5. Manejo do casal com abortos recorrentes de causa genética
Nos casos em que ocorre um aborto esporádico, o casal deve ser informado que cerca de 15% das gestações diagnosticadas evoluem para o aborto espontâneo e que destes, 50% são devidos a anormalidades cromossômicas relacionadas a erros esporádicos da gametogênese ou fertilização.
Já os casais com diagnóstico de abortamento habitual de origem genética devem receber um aconselhamento genético formal após identificada, se possível, a alteração envolvida. Após a avaliação do risco de recorrência de acordo com a alteração genética, todas as alternativas devem ser oferecidas ao casal:
• doação de óvulos;
• doação de espermatozóides;
• adoção;
• tentativa de nova gestação, principalmente quando o risco de recorrência e de malformação fetal é baixo.
É importante ressaltar que algumas anomalias genéticas que cursam com abortos espontâneos recorrentes podem também, eventualmente, aumentar a chance de malformações fetais.

Bibliografia

1) Wilcox AJ, Weiberg CR, O'Connor JF, Baird DD, Schlatterer JP, Canfield RE, Armstrong EG, Nisula BC - Incidence of early loss pregnancy, New England J Med 319: 189, 1988.
2) Tho PT, Byrd Jr, Mc Donough PG - Etiologies and subsequent reproductive performance of 100 couples with recurrent abortion, Fertil Steril 32, 389, 1979.
3) Wramsby H, Fredga K, Liedholm P - Chromossome analysis of human oocytes recovered from preovulatory follicles in stimulated cycles, New Engl J Med 316:121m 1987.
4) Carr DH - Chromossome studies in selected spontaneous abortions and early pregnancy loss, Obst Gynecol 37:570, 1971.
5) Mc Donough PG - Repeated first trimester pregnancy loss: Evaluation ans management, Obst Gynecol 1:153, 1985.
6) Endocrinologia Ginecológica Clínica e Infertilidade - 5a Edição - Speroff/Glass/Kase - Ed. Manole.
7) Practical Genetic Counselling - 5a Edição - Peter S harper - Ed. Butterworth Heinemann.
8) Pathology of Infertility - Clinical Correlations in the Male and Female - Gondons/Riddick - Ed. Thieme.
9) Infertility and Reproductive Medicine (Reproductive Genetics) - Clinics of North America - January 1994.
10) Infertility and Reproductive Medicine (Recurrent Miscarriage) - Clinics of North America - October 1996.

Editor de Ginecologia e Obstetrícia do MedCenter, Médico Residente do Instituto Fernandes Figueira - FIOCRUZ, Médico do Hospital PROSAÚDE